Atualização no mercado de trabalho: avanço frente às mudanças também desvenda novos cargos
Tecnologia e Inteligência Artificial progridem e empresas se preparam para novos segmentos de atuação


Com o avanço da Tecnologia, mudanças ocorrem em diversas frentes e uma delas são os cargos e as especialidades de profissionais. Segmentos que abordam a inteligência artificial (IA) e a experiência do colaborador são pontos que são analisados há um bom tempo. Novas profissões apresentadas desde o início do avanço tecnológico e a chegada da IA podem ter trazido novamente à tona o assunto de especializações. Com isso, o mercado se prepara para ter atuação desses novos segmentos.
De acordo com o 'Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025', publicado pelo Fórum Econômico Mundial, as mudanças no trabalho serão de 22% dos empregos até 2030, podendo chegar a 170 milhões de novas funções a serem criadas e 92 milhões destituídas. Em matéria da Exame, segundo a vice-presidente de oportunidades econômicas do LinkedIn, Aneesh Raman, 70% das habilidades exigidas em empregos atuais mudarão até o fim da década. Os segmentos estarão em três frentes, sendo eles a construção de confiança em sistemas autônomos, integração técnica entre IA e processos de negócios e decisões criativas.

Especialização por inteligência artificial no mercado de trabalho
No Marketing Digital, este cenário já é visível. No segmento 96% dos profissionais da área planejam utilizar IA em suas iniciativas. Como forma de auxílio para essas mudanças que já ocorrem, a Associação Brasileira dos Agentes Digitais (Abradi) e a Associação Brasileira de Inteligência Artificial (Abria) lançaram um guia para auxiliar os profissionais a utilizarem a tecnologia. Com tantos números que apresentam esse avanço de recursos e mecanismos a serem utilizados no cotidiano do trabalho, as empresas se preparam para um novo momento, com novas linhas de frente.
Na produtora de vídeos Mythago já existe uma ilha que tem seu olhar direcionado para a utilização de IA. O uso de plataformas facilita alguns recursos que antes poderiam levar muito mais tempo, o que otimiza além do tempo de trabalho, mas também o aporte do que seria gasto. Entre uma de suas produções, sendo um conteúdo para a Prefeitura de Santa Maria, a empresa realizou a produção de uma campanha utilizando exclusivamente ferramentas de inteligência artificial.
A diretora da Mythago, Mocita Fagundes, comenta que dentro da produtora há uma ilha de profissionais que usam as plataformas, onde Lucas Miralha é encarregado como diretor de Criação em IA. Para Mocita,o uso do recurso viabilizou a realização de uma ideia que, com métodos tradicionais de produção, poderia ser limitada por custos ou complexidade narrativa.

O olhar para o novo
Mesmo com algumas resistências, a IA surge com o intuito auxiliar nas tarefas e, mesmo com o debate de que poderá substituir o trabalho humano. A seção voltada para IA surgiu na empresa de acordo com a necessidade de encarar o novo e também em ter uma ferramenta que possa contribuir e agir como uma facilitadora. Além disso, ser um mecanismo que pode mostrar visualmente para o cliente o trabalho que será desenvolvido.

Lucas é quem coordena o setor e pesquisou bastante para saber quais plataformas poderiam ser facilitadoras dentro da produtora e que iriam contribuir para o trabalho realizado, como recursos do Google para a criação de vídeos. O diretor de Criação em IA conta que o interesse por aperfeiçoamento na área surge de uma necessidade: "Porque quando a gente trabalha com isso, quer melhorar, não podemos ficar para trás. Então, temos que adaptar as novas tecnologias ao nosso desenvolvimento".
Novo momento na Comunicação
O campo tem se reinventado com a chegada de novas tecnologias, mudanças culturais e demandas por mais estratégia e inclusão. Surgem cargos como o especialista em Comunicação com IA, que cria e ajusta prompts para ferramentas generativas, otimizando a produção automatizada de conteúdo, e o curador de Conteúdo com Dados, que atua ao lado de BI para direcionar a criação com base em tendências e comportamento de audiência. O estrategista de Mídias Proprietárias foca em canais próprios como blogs, newsletters e podcasts, enquanto o líder de Narrativas e Comunidades constrói relações em plataformas como Telegram e Discord, unindo storytelling e engajamento genuíno.
Funções mais tradicionais se adaptam, como o assessor de Imprensa Digital, agora voltado a influenciadores e mídia independente, o Social Media Sênior, com atuação estratégica entre dados e branding, e o analista de Comunicação Interna, que fortalece o clima organizacional e o employer branding.
Empresas de Comunicação com reinvenções

Entre os novos cargos apresentados está o de gerente de Experiência do Colaborador, atuação que o gaúcho Marcelo Souza ocupa na empresa de Publicidade e Propaganda, VML. O segmento situado, busca apresentar soluções para as problemáticas que podem vir a ser apresentadas. Com formação em gerência de Projetos, Marcelo acabou atuando com questões organizacionais. Pessoas que trabalham no segmento buscam estabelecer e mensurar a experiência, indo de questões mais práticas, como melhoria em processos simples, até o momento em que se tenha a pessoa enquanto um colaborador.
Enquanto muitos olham para a experiência de um usuário de produto, essa prática tem a atenção para quem é o colaborador. Para saber as informações por meio de pesquisa, conversa e medição: "A gente literalmente trata o colaborador como um cliente inteiro", afirma o entrevistado. Os levantamentos são realizados de forma anônima e com uma frequência que possa realizar um acompanhamento do que está ocorrendo. "Então, tem essa questão da experiência do colaborador, que não é só o que a empresa acha, é muito baseada na experiência do colaborador, sendo medida pelo voto do próprio colaborador", explica.
Para o desenvolvimento, o ensino
No centro universitário em Tecnologia, Fiap, dentre os cursos com maiores demandas estão as áreas de Design Digital,e Inteligência Artificial. A instituição em que Wagner Sanchez é pró-reitor conta com 15 mil alunos nas suas 16 graduações. "Observamos que os cursos mais procurados hoje estão diretamente alinhados às transformações digitais, à ascensão da inteligência artificial e à crescente demanda por profissionais capazes de liderar a construção do futuro", comenta Wagner sobre as procuras dos cursos.
O pró-reitor acredita que o movimento pode refletir um mercado que busca profissionais com pensamento crítico, visão sistêmica, fluência tecnológica e capacidade de transformar negócios, processos e experiências por meio da tecnologia. Já há uma mudança no perfil dos estudantes que buscam capacitação nas áreas emergentes. Sendo uma geração, independente da idade, que deseja transformação. E que entende que a tecnologia não é mais uma opção, e sim uma fluência obrigatória para qualquer profissão.

O centro universitário busca se posicionar como uma instituição estratégica do Brasil, contando com uma formação de talentos preparados para cargos emergentes criados pelo avanço da Tecnologia. O objetivo enquanto instituição é formar líderes fluentes em Tecnologia, que possuam pensamento crítico e visão de impacto. "Aqui, o ensino não é teórico e distante: ele é aplicado, dinâmico e profundamente conectado ao que o mercado mais precisa", afirma Wagner.
O que esperar do futuro?
A atuação em outros setores já ocorre, e empresas devem estar atentas para novos momentos no mercado de trabalho. Atualmente, os profissionais na Mythago com essas atribuições são encontrados no setor direcionado e Mocita deseja que cada vez mais eles possam se qualificar, reconhecendo o investimento como válido para melhorar o uso das ferramentas e desenvolvimento de demandas. A diretora da Mythago acredita que a chegada dessas soluções veio para somar, agregando novos profissionais às tecnologias já disponíveis.
Enquanto isso,Marcelo entende que, no futuro, mais organizações compreenderão a importância de novas atuações dentro de sua estrutura, que mesmo que haja um custo a mais, futuramente pode ser visto como investimento e necessidade.