PC Dias: criatividade e pensamento estratégico com propósito

Sócio da Eyxo e professor da Conquer, publicitário deseja deixar um legado para o mercado

Crédito: arquivo pessoal

A comunicação já corria nas veias de Paulo César Rodrigues Dias, o PC Dias, desde a infância. Seja nas visitas ao trabalho do pai, o fotojornalista Paulo Dias, em alguns dos principais jornais do Estado ou quando ouvia suas histórias dos registros feitos na Guerra das Malvinas e de quando se tornou refém em uma cobertura de assalto. Ele vivenciou de perto o Jornalismo e o setor como um todo durante toda a sua vida. "Aquele ambiente de redação era fascinante e insalubre, com muita fumaça de cigarro e pessoas falando alto. Por muito tempo, eu achei que também seria jornalista", lembra. Se há 10 anos, PC Dias lia no Coletiva.net o perfil de seu pai, hoje compartilha a sua história, também dedicada à Comunicação, mas em um rumo um pouco diferente: o da Publicidade. 

Atualmente sócio e head de Criação e Estratégia da Eyxo, iniciou a vida profissional cursando Engenharia Mecatrônica, indicada, na época, pelo Guia do Estudante como uma profissão do futuro, enquanto Publicidade e Propaganda era visto como um mercado saturado e de baixa remuneração. Sempre muito criativo, pensou em usar o perfil inventivo para explorar a tecnologia e os robôs, mas foram necessários apenas dois semestres para decidir trocar o prédio 30 da PUC, pelo 7, o da Famecos.

Durante a trajetória, foram mais de 60 premiações nacionais e internacionais. No entanto, para ele, acima de todos esses reconhecimentos, a certificação da Eyxo como uma Empresa B, que indica que faz parte de uma rede global, de cerca de 5 mil instituições que, além de economicamente rentáveis, são comprometidas em causar um impacto positivo na sociedade, é a que mais causa orgulho. "A certificação ressignifica o sucesso dos negócios. E se a nossa vontade sempre foi fazer um mercado mais legal, justo e menos pesado para as pessoas, todo esse processo nos ensina muito e nos estimula a deixar uma marca positiva", afirma. 

Certeza da vida justa

Apesar de ter nascido em Porto Alegre, em 29 de agosto de 1981, PC só passou a morar na Capital quando cursou o Ensino Superior. Sua infância e adolescência foram na cidade vizinha: Viamão, onde viveu com o pai, a mãe Maria Magali Rodrigues Dias e a irmã Tieli, quatro anos mais velha e responsável pelo apelido "PC". 

Foi na cidade da Região Metropolitana que conheceu sua esposa, Carla, ainda na escola. "Ela foi meu primeiro amor. Eu sofri muito na época porque ela não me dava a menor bola e eu falava que o dia que ela quisesse, eu não ia querer, o que não era verdade", recorda. Anos mais tarde, na universidade, onde ela estudava medicina, se reencontraram e seguem juntos há 20 anos. Fruto dessa relação, a filha Clara, de 10 anos, completa a família, juntamente dos três gatos e um cachorro, o último chegado recentemente. Há cerca de um ano, em um passeio na Redenção, o caramelo Cookie foi adotado em uma feira de pets. 

O gosto pela música, com preferência para o hard core e para MPB, faz PC ter alguns instrumentos em casa, como violão, guitarra, gaita de boca e cajón. "Música é feita para sentir, então, gosto de qualquer estilo, desde que seja bem tocado", conclui. A literatura é outra paixão do publicitário e o ponto fraco quando o assunto é consumismo. Isso porque gosta de comprar livros para colocar na estante, mesmo que já os tenha lido no Kindle. Sua mania peculiar é ler dois ou três livros concomitantemente. Com orgulho, conta que sua filha está descobrindo o gosto pela leitura com a saga de Harry Potter. 

O ano de nascimento de Clara foi também o de falecimento de seu pai e, assim, um estímulo para promover algumas mudanças, como parar de beber. Mas foi nos últimos dois anos que passou a se exercitar religiosamente às 6h e a praticar jiu-jitsu. Acredita que, assim como a esposa que corre maratonas, estão conseguindo dar um bom exemplo para a filha. 

Para ele, os momentos em família são alguns dos instantes que provam o quanto a vida é justa. "Quando a gente é adolescente, pensamos que tudo que acontece é injusto e, aos 40, é o oposto disso. Parece que tudo faz ainda mais sentido. A gente se aceita mais, acredita mais e hoje sou muito grato pelo que a vida tem feito comigo", reflete o publicitário.

Há muitos anos, PC tinha o desejo de fazer mestrado e uma oportunidade como gerente de Marketing da Claro fez com que essa vontade ficasse para o futuro, o que ocorre atualmente, no programa de Design Estratégico da Unisinos. Apesar de se considerar tímido, PC não tem vergonha de subir a um palco para palestrar ou dar aulas para vários alunos. Ele leciona na Escola Conquer há mais de seis anos, tendo sido um dos primeiros professores em Porto Alegre. 

Com as turmas, sente-se realizado pelo desafio de se manter sempre atualizado para levar novidades aos estudantes e fazer a diferença, para que possam aplicar no dia seguinte em suas atividades. "Gosto dessa conexão da academia com o mercado. Lembro de gostar na universidade das disciplinas que não distanciavam uma coisa da outra." Esse pilar da educação é o que almeja olhar com mais atenção: "Me preenche e me rejuvenesce". 

Outro ponto de interesse que deve nortear seus próximos passos profissionais, mais ligado ao meio empresarial, é o desejo em analisar estrategicamente os movimentos de mercado, entre fusões e aquisições.

Empreendedorismo antes do diploma

Durante a faculdade, fez estágios em agências de publicidade, mas sentia que não se encaixava nos modelos de trabalho comuns na época. Então, o empreendedorismo foi um caminho natural enquanto seguia com o curso, concluído em 2006. A primeira empresa foi a Malacara, de marketing esportivo, voltado aos esportes radicais. "Pouco se falava disso na época e, hoje, surf e skate são até modalidade olímpica", ressalta. 

O fato de despertar para algumas coisas um pouco antes de elas chamarem a atenção do grande público, de acordo com ele, aconteceram diversas outras vezes. No entanto, nessa experiência, ele acredita ter se atentado cedo demais, o que levou a quebrar dois anos depois, apesar de ter conquistado grandes clientes como Banrisul e Fiat. O fato, apesar de não desejar a ninguém, considera ter sido um grande aprendizado.  

Logo na sequência, veio a Mazah Live Marketing. Como sócio-diretor de Planejamento Criativo, viu a empresa crescer para outros estados e conquistar prêmios durante 11 anos, junto de dois sócios. Após atingir a marca dos 30 anos, passou a questionar aspectos pessoais e seus rumos. Nesse período, percebeu dois pontos sobre a carreira: que praticamente não havia tido chefes e que estava sempre na corda-bamba entre a estratégia e a criação. 

Foi então que veio a experiência executiva na Claro, quando a companhia estava vendo o crescimento acelerado do uso de dados e buscava alguém de fora da telefonia para oportunizar um olhar diferenciado. O plano era ficar por dois anos e lá permaneceu por quatro. "Essa foi uma experiência muito gratificante, principalmente no aspecto de liderança. Até então, eu havia liderado com as minhas ferramentas, do meu jeito, mas entrei em uma empresa estruturada com fundamentos de avaliação", reflete ele, ao lembrar do momento em que despertou para a gestão pelo viés de fazer a diferença para as pessoas.

Muitos anos antes, ainda na Mazah, fez um trabalho para a Coca-Cola, em que a Greta Paz, CEO da Eyxo, ainda na escola, foi recrutada. César Paz, seu pai, escreveu uma coluna na época elogiando o trabalho e despertou a estima de PC. Tempos depois, ambos viriam a ser seus sócios, juntamente com Andrei Nowa. "Eu sempre admirei os profissionais com quem fiz sociedade e hoje não é diferente. Costumo me movimentar por confiar e acreditar nas pessoas que estão comigo", diz. 

A primeira conexão empresarial com César e Greta foi a partir da Mosh, focada no universo de creators, e que fundiu as operações com a Eyxo em 2019. Ao unir essas iniciativas, com a expertise de conteúdo audiovisual, PC defende a ideia de criar oportunidades no universo da comunicação pela perspectiva do conteúdo. "Meu desejo de curto prazo é que sejamos conhecidos pelas entregas que colocamos na rua. Não tem nada que transpareça mais o talento, a competência e as crenças de uma empresa do que o que ela faz. Eu desejo ver trabalhos com a cara e o jeito da Eyxo, com soluções de impacto, sobre pautas importantes, que é o que acreditamos", pontua. 

Além da admiração profissional pelos seus pares no dia-a-dia, afirma que eles têm valores que se complementam, fator que faz com que ele se sinta em um ambiente acolhedor e que reflete para o restante da equipe. Por essa vivência, tem uma visão otimista do mercado, de movimentação positiva de culturas. "Vejo um despertar para algumas temáticas. Seja por crença ou por interesse em resultados, é um movimento importante que pode trazer mudanças significativas."

Aos 42 anos, considera-se inteligente por usar da melhor forma possível as oportunidades e conquistas da vida. Mesmo com muitos planos em mente, olha para cada passo da sua trajetória com carinho e compreendendo o propósito das conexões, tropeços e vitórias do processo que o trouxeram até aqui.

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