Juliano Schüler: um curioso por natureza

Sócio da agência Quater, jornalista migrou de carreira e afirma que foi uma das maiores decisões que já tomou

11/07/2025 18:10 / Atualizado em 11/07/2025 16:47
Juliano Schüler: um curioso por natureza

Porto-alegrense ?da gema? e criativo nato. Juliano Schüler, por trás do semblante tranquilo e ponderado que apresenta para quem com ele conversa, tem uma mente fervilhante e analítica para o que está ao seu alcance e pelo que, nos relances, capta. Sócio-fundador na Quater, uma agência que, mais do que digital ou tradicional, posiciona-se como ?cerebral? em sua página, ele simboliza o que a agência materializa na prática e o lastro que carrega em sua trajetória até consolidar a empresa.

Nascido na região central da capital gaúcha, o jovem aspirante a comunicador já tinha o que mover como inspiração para, de uma forma muito natural, considerar e identificar a Comunicação como a sua área. Filho de JB Schüler (in memoriam), conhecido locutor oficial da RBS TV de Santa Catarina, hoje NSC TV, do Grupo RBS e gerente da Rádio Atlântida do estado catarinense, Juliano teve, desde cedo, contato com o mundo das mídias e tendo a Comunicação como referência para o fazer profissional.

Ele cresceu em meio ao bairro Cidade Baixa e aos estudos no Instituto de Educação, na avenida Osvaldo Aranha, no qual conta que transitou por toda a vida escolar. Não demoraria e ingressaria no curso de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, onde colocaria ainda mais em prática uma característica que o impulsionaria para novos caminhos e trajetórias: a curiosidade. Pelo diferente, pelo novo, pelo que poderia vir a ser.

Os contatos com o rádio fizeram, dele, um conector com a ideia comunicacional e com o fixar de carreira na área ? não cogitou elaborações com outra vertente que não essa. ?Foi uma coisa natural, não teria um plano B?, afirma, quando perguntado se exerceria outra profissão. As possibilidades dos caminhos o apresentaram, em um primeiro plano, ao meio radiofônico, apesar de não ter o interesse que lhe acalentava o coração nesse meio específico.

Foi no segundo semestre do curso, em maio de 1999, que ingressou na casa que o acolheria por mais de uma década. Como auxiliar de redação, desempenhou diversas frentes no Grupo RBS, empresa na qual circulou pelos diferentes veículos fortalecidos pelo conglomerado estadual. A época exigia conhecimentos distintos dos empregados na primeira metade da década de 2020: fax e pilhas de papéis eram comuns nas redações. Nesse posto, adquiriu experiência com pesquisa em textos impressos e em arquivos ? à luz do futuro, históricos ? que demonstravam processos diferentes dos quais ele passaria, em pouco tempo, a viver: o incipiente ambiente digital o chamava.

O rádio, vivência inicial, serviu como maré mansa para um peixe que pelas primeiras vezes fazia seu nado, até ser fisgado pela Internet. Juliano assumiu o posto de repórter multimídia e, nisso, começou a demonstrar talentos e aptidões para a era cibernética que se aproximava e se transformava em um cotidiano constante. Participou ativamente da implantação do portal clicRBS, no qual fez carreira por, aproximadamente, oito anos. Com foco na editoria de esportes, para a qual produziu diferentes quadros, ali já experimentava proposições em uma postura, no mínimo, diferenciada quanto ao tino criativo. 

Do minuto a minuto das jornadas esportivas a coberturas in loco, ele se orgulha de ter sido um dos pioneiros na transmissão, ao vivo, de dentro do estádio, de entrevistas e conteúdos informativos via internet. Em uma época em que o 3G era o epítome da tecnologia móvel, em meados da década de 2000, ele, que revela ser gremista, produziu materiais que iam desde vivos a um dos primeiros modelos do que viria a ser o podcast, por volta de 2007 e 2008. Curiosamente, tal qual ele próprio, ele mesmo não entrava em campo: futebol apenas por ofício e entretenimento.

Criativo e curioso demais?

?Tu és criativo demais para ficar no Jornalismo.? Essa era uma frase ouvida corriqueiramente por Juliano. Para longe de desvalorizar sua formação ou a profissão de jornalista, o ideal ia em uma direção contrária que convergiria para a área comunicacional, no entanto, em outra esfera. Das propostas de pautas a ideias multimídias, que poderiam incluir os mais diferentes repertórios culturais, ele começou a investigar possibilidades para além do fazer criativo que já lhe era constatado por outrem: seria possível aliar estratégia?

O Twitter, atual X, era uma das redes sociais que despontavam em 2012, e a internet mensurava, cada vez mais, usuários e fluxos. A ideia de fundar a Quater surgiu junto a outros dois ex-colegas de RBS. E, nesse entremeio, Juliano aflorava talentos que o posicionavam em esferas diferentes das exclusivamente jornalísticas: o desejo era chamar, reter atenção, criar conteúdos de impacto, mensurar resultados e direcionar-se para o meio digital.

Nasceu, assim, uma sociedade cuja área era, quase, diametralmente oposta à carreira que, até então, construíra: o foco passara a ser Marketing e Publicidade. ?Estrategizar? com os clientes tornou-se cotidiano, em um processo natural que Juliano entendeu ser o novo lugar no mercado e na vida. O jornalista descansava para dar lugar ao gestor e chefe de Criação. Com isso, também tomava forma mais robusta o disruptor: a verborragia deveria ser o alcance. Assim, o lado curioso aliou-se ao criativo para compor o profissional, que estruturou uma agência em que tem não apenas sua carreira, mas um projeto pessoal. Se há desafio, ele é definitivo: ?eu vou querer saber mais. O que me inspira  a conhecer ou a saber mais é a curiosidade?.

Marasmos não fazem parte da rotina e, assim, o que era gosto pessoal subiu mais um degrau na escada da formação: Juliano concluiu um MBA em Branding e Co-criação na PUCRS, em 2017. Já em 2019, outro passo de sua pós-graduação foi executado, com a realização de mais um curso de Branding pela New York University. Essas composições ajudariam a ampliar o papel da Quater, que vai além das redes sociais: atua, dentre outros serviços, com produção gráfica, desenvolvimento de sites, e-mail marketing e automações, funcionando em modelo híbrido e com uma equipe multidisciplinar, com jornalistas, designers, desenvolvedores e publicitários.

De assador a um recente corredor

Os 45 anos de idade foram vividos com um percurso que já contou com transição de carreira, naturalidade na profissão comunicacional e dedicação para encontrar nexos novos. Juliano produz conteúdo para as redes pessoais e para a Quater, que vão desde informações curiosas a dicas sobre inovação e tecnologia. Fora dos ambientes das telas, também possui um talento um tanto mais analógico, mas igualmente destacável: orgulha-se do churrasco que assa. Segundo ele, os amigos classificam como ?sensacional?.

O repertório que contribui para as elaborações inclui histórias de espionagem e com vertentes policiais, evidenciando como uma de suas temáticas preferidas nos tempos de lazer. Além disso, o jornalista também tem um apreço pela música, que embala o cotidiano e que transforma canções e melodias não apenas como um preenchimento ou um adendo para momentos livres, mas para uma trilha sonora da vida. 

?Eu sou um gerador de playlists no Spotify, eu tenho playlist pra tudo lá?, comenta. No perfil no Instagram, fez questão de montar um destaque exclusivamente para o compartilhamento delas, tão ecléticas quanto curiosas ? uma delas, por exemplo, é composta somente por músicas cujo título ou artista tenham nomes de lugares do mundo.

Apesar de o futebol sempre ter chamado mais atenção quando o assunto é desportos, ele conta que, no momento, não tem cultivado com tanta frequência o hábito de assistir a partidas, preferindo a Fórmula 1 se a pauta é entretenimento esportivo. Outra modalidade, no entanto, tem ganhado a rotina: a corrida. Há cerca de dois anos, Juliano tem, de maneira autodidata, participado de provas, dobrando a meta a cada conquista. 

Se, antes, corria cinco quilômetros, agora, até de uma meia maratona já participou ? sem levar-se pelo modismo que o tipo de competição tem ganhado com maior notoriedade, mas por iniciativa própria.

Um homem que tem a criatividade e a curiosidade por natureza. Empreendedor que guinou a carreira para um rumo diferente do qual se dedicou por, aproximadamente, uma década. Ele vai de Star Wars a 1984, de George Orwell. O rock o tem, e a Comunicação, também. Não poderia fazer ou construir algo diferente em sua vida que não o ligasse com seu talento natural para a criatividade. Curioso pelo diferente ele? Demais.