Carla Bisol: Dos dois lados do balcão

Em veículo ou assessoria, a jornalista é plenamente feliz e sequer sabe dizer o que mais lhe traz prazer

Crédito: Arquivo pessoal

Quando iniciamos a carreira no Jornalismo, e diversas vezes no decorrer dela, somos questionados sobre qual área de atuação desejamos seguir. Precisa ser apenas uma? Para a jornalista Carla Bisol, a resposta é não. São 25 anos transitando entre a televisão e a assessoria de imprensa. Se em uma ocasião segue por um caminho, em outra eles se cruzam novamente, e o lado oposto pode acelerar mais seu coração. Ela não consegue declarar com firmeza qual paixão é maior: "Neste momento, a assessoria", conta.

Atualmente, feliz com o desafio de participar das comunicações da reconstrução de Porto Alegre após a enchente, ela está na coordenação da Comunicação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus). Essa é a sua segunda passagem na pasta. A primeira foi em 2021, quando recebeu o desafio de mudar a imagem do órgão com a opinião pública. Dessa vez, a missão é comunicar à população de forma clara e eficiente as ações do Executivo depois da tragédia climática. 

Se a reportagem e as câmeras sempre lhe trouxeram a adrenalina do Jornalismo em tantos momentos, hoje é o lado da assessoria de imprensa que traz a ela realização que causa nela a realização. "Me considerava uma boa repórter, mas, como assessora, sou melhor ainda", acredita. Afinal, para ela, os anos de experiência em diferentes redações lhe proporcionaram um olhar amplo sobre a construção das pautas e o que, de fato, pode interessar à imprensa.

Seu amor pelo trabalho e sua dedicação fazem com que cada experiência seja única. Hoje, com um caminho trilhado pelas principais emissoras de TV, e com relevantes cargos na comunicação institucional, se vê como uma mulher madura, experiente, calejada e destemida, que não tem medo e é movida a desafios. 

Entre as capitais

Nascida em 12 de janeiro de 1975, em Porto Alegre, Carla é filha de Maria Ilda Caberlon Bisol, que se dedicou a cuidar do lar, e Redimundo Bisol, servidor público da Petrobras, e chegou à família três anos e meio após sua irmã. Mesmo com a infância e adolescência vividas na capital gaúcha, ela nunca se privou de experiências em outras regiões. Ao contrário disso, por acreditar em um mercado mais aquecido no Sudeste, comprou uma passagem de avião para São Paulo e, na mala, colocou materiais de trabalhos já realizados nas TVs do Sul e foi em todas as emissoras de lá. 

A oportunidade não veio para a "Terra da Garoa" e, sim, para a primeira capital do Brasil, Salvador. Lá, ficou alguns meses na TV Aratu, afiliada do SBT. Pelo Nordeste do país, conheceu pontos distantes do interesse turístico, outra cultura e sotaque. "Achei o povo muito alegre, conheci pessoas bacanas e um estilo de vida diferente, próximo da praia e com muita música", relembra.

Depois de mais uma temporada no Rio Grande do Sul, arriscou-se na capital federal, a qual visitou pela primeira vez apenas para a entrevista de emprego. Lá, atuou como assessora de comunicação da primeira vice-presidência da Câmara dos Deputados, foi coordenadora de Comunicação Institucional da Presidência da mesma Casa e também gestora da Rede Legislativa de Rádio e TV.

Além disso, produziu conteúdo para candidata à Presidência da República durante a campanha e coordenou a Comunicação e o Marketing da HD Rádio no Brasil. Esse foi um período mais longo, sete anos, que a aproximaram do futuro marido Nazur Garcia, jornalista de formação, mas que não atua mais na área, Casados há 15 anos, eles têm um cachorro, de oito anos, chamado Pinot Noir, nome que já revela o gosto de Carla por espumantes. O casal planeja, em breve, adotar um novo pet, que já tem até nome escolhido: Merlot. 

Também está nos planos transferir a moradia para a capital catarinense, Florianópolis, onde eles têm uma casa e "fogem" sempre que conseguem um tempo livre. Suas folgas são dedicadas a relaxar na praia, explorar cachoeiras e saborear as deliciosas receitas do marido, que, segundo ela, cozinha muito bem. Aliás, questionada sobre sua comida favorita, a resposta é categórica: "Qualquer uma feita pelo Nazur. Tudo o que ele faz é muito saboroso". No entanto, destacou a panqueca de espinafre como um de seus preferidos, frequentemente pedido por ela ao parceiro. 

Comunicação com propósito

Formada em Jornalismo pela PUC em 1999, a trajetória profissional começou com uma sólida base nas principais emissoras de televisão do Rio Grande do Sul. Com passagens pela Pampa, Band TV, TVE, TVCOM, RDC TV, Record e, recentemente, na Box Brazil, exerceu funções de repórter, apresentadora, editora e editora-chefe. Torcedora fanática do Sport Club Internacional, ela iniciou a faculdade com o desejo de trabalhar com jornalismo esportivo. Teve algumas oportunidades de estar conectada ao tema, também fez reportagens gerais, de economia, de polícia, porém a última acabou cruzando seu caminho diversas vezes, tanto nos veículos quanto na área institucional, e foi despertando um interesse maior pelas vivências na área. 

A curiosidade e a constante busca por contar novas histórias e conhecer lugares mostraram, em momentos diversos, sua vontade de ir além do convencional, característica que a acompanharia ao longo da carreira. "Sempre gostei de ir pra rua, interagir com as pessoas e ver os acontecimentos de perto", afirma. Carla considera que muitos momentos desse caminho foram marcantes. Contudo, recorda com carinho da primeira matéria que abriu um jornal, na época da Pampa, seu primeiro trabalho na TV. O telejornal era apresentado por Bóris Casoy. 

Outro fato é lembrado por ser inusitado: um australiano que rodava o mundo com um balão acabou caindo em Aceguá, no sul do Estado. Ele tinha contrato com uma emissora internacional, que contatou a Band solicitando apoio. Ela, que atuou como professora de inglês por mais de 12 anos, foi escalada para registrar o momento e trazer as fitas da aventura pelos céus para repassar à outra emissora. A Band, inclusive, foi a responsável pela sua devoção a Santo Antônio, pela proximidade da antiga sede da empresa com a paróquia homônima. Lá, entrou para orar logo após a sua entrevista de emprego e que foi a temática do primeiro ao vivo nessa TV, em 13 de junho, data da festa dedicada ao santo. 

Muito comprometida, ela sempre quer fazer o melhor nos projetos que integra. "Eu não entro se não for pra ganhar." Para isso, Carla estuda muito. Caseira, gosta de ler em momentos de descanso, e os materiais técnicos são os que mais prendem a sua atenção. O último livro que gostou muito foi 'Você Aguenta Ser Feliz', de Arthur Guerra e Nizan Guanaes, porém, um tema que a tem atraído é ESG, sigla em inglês que significa Environmental, Social and Governance, ou seja, Ambiental, Social e Governança. 

O comprometimento com a qualificação foi além das leituras. A jornalista fez especialização em Comunicação de Massa e um MBA em Gestão, Empreendedorismo e Marketing, ambos pela PUC, além de cursos que conectam gestão de reputação com ESG na ESPM e na Exame, refletindo seu desejo para o futuro de trabalhar com algo com propósito ligado à temática. 

Dedicação à carreira

Carla se considera uma profissional versátil, que busca impacto positivo no local onde está. Na área de assessoria de imprensa, acredita que o Jornalismo Político lhe trouxe uma bagagem de gestão de reputação e gerenciamento e prevenção de crises. Além das experiências em Brasília, nas quais cultivou um relacionamento direto com os jornalistas da editoria dos principais veículos do país, teve uma passagem ainda por São Paulo, a convite do RenovaBR, para participar do projeto de formação de novos políticos para o Legislativo. No retorno a Porto Alegre, empreendeu com uma consultoria na área digital e coordenou a Comunicação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. 

A sua história a faz pensar que, caso não fosse jornalista, talvez seria política. Afinal, são vários anos vivenciando as mais diversas estruturas do Estado e do país. Mesmo com uma grande bagagem, o ofício segue lhe proporcionando muito prazer. "O que mais gosto é trabalhar. Amo o que faço, vibro com cada resultado. Isso me faz muito bem", garante. 

Já o esporte ficou apenas na rivalidade que mantém com o marido no futebol. Ela, que nunca namorou um gremista e ia a todos os jogos, casou-se com um torcedor do Tricolor. Hoje, prefere olhar as partidas no conforto de casa, mas conta que aumenta o som da televisão quando o seu time faz um gol, para provocar o companheiro. "Pegamos muito um no pé do outro e acabamos deixando isso tudo divertido."

Comentários