Fim do Diário Popular: posicionamento registra problemas financeiros

Questões que envolvem serviços terceirizados impactaram muito a economia da empresa, somados aos prejuízos causados pela catástrofe climática de maio

Nesta quarta-feira, 12, o portal de notícias já se encontra fora do ar - Crédito: Reprodução

No fim da tarde da última terça-feira, 11, o Diário Popular, de Pelotas, confirmou, por meio de um posicionamento de Virgínia Fetter, diretora-superintendente do jornal, o fim de suas atividades, após 133 anos de história no Jornalismo brasileiro. Conforme registra o comunicado, o veículo não conseguiu superar a crise enfrentada pelo mercado nos últimos anos, impulsionada pela pandemia de Covid-19, iniciada em 2020. Os problemas, no entanto, não foram resultados apenas da crise sanitária. Conforme a empresária, questões que envolvem serviços terceirizados acabaram impactando fortemente as finanças da empresa, somados aos prejuízos causados pela catástrofe climática de maio deste ano.

Há 28 anos, a empresária se dedicou ao negócio e deu sequência à administração do avô, Adolfo Fetter, e do pai, Edmar Fetter. A diretora registrou, ainda, que o enfraquecimento da economia do setor foi sentido por muitos anos. "Agora, com as enchentes, fizemos o impresso apenas nos últimos finais de semana, em Cachoeira do Sul. Foi uma tentativa que não deu certo. A nova logística não colaborou para a chegada do jornal no horário habitual, gerando insatisfações", lamentou Virgínia, em um trecho do texto. 

A empresária relata que, nos últimos anos, foi necessário, inclusive, injetar quantias de recursos próprios e obter empréstimos para manter as operações e honrar os compromissos com os colaboradores. Apesar dos esforços, a situação se tornou insustentável, o que obrigou o fim da publicação, que estava havia três gerações na família. "Sempre fomos iniciativa privada mantida por acionistas, assinantes e verbas publicitárias. Nossa dedicação exclusiva com o apoio do trabalho de nossos colaboradores foram as únicas forças propulsoras que fizeram movimentar as bobinas e rodar as máquinas", escreveu.

Autofalência sugere término responsável

Testemunha de fatos históricos desde o final do século XIX, o Diário Popular foi um jornal muito tradicional nos municípios do Sul do Estado. E para honrar o legado da publicação, Virgínia explicou que conta com a consultoria do escritório MSC Advogados, a fim de buscar maneiras de encerrar as atividades de forma responsável e respeitosa. Um ativo que está sendo disponibilizado para a quitação dos débitos é o prédio, que hoje abriga todos os setores da empresa, com valor estimado em R$ 2,9 milhões. Nesta quarta-feira, 12, o portal de notícias já se encontra fora do ar.

De acordo com Guilherme Caprara, sócio do escritório MSC, o processo permite que a própria empresa que, atualmente, contava com 58 colaboradores diretos, encerre as atividades de forma controlada, tendo como objetivo liquidar seus ativos e quitar as dívidas. "Isso beneficiará tanto a empresa, que consegue encerrar suas atividades de maneira regular, como os credores, que têm a chance de receber o que é devido. É uma atitude responsável e que encerra com dignidade uma história de mais de um século", esclarece. 

 

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