A artista visual gaúcha Graça Craidy, que já foi redatora publicitária e lecionou Processo Criativo na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Porto Alegre, levou para São Paulo a exposição 'Clarices', uma homenagem à escritora Clarice Lispector. A mostra, composta por 19 retratos da autora, que abordam diferentes fases de sua vida, está em exibição no Conjunto Nacional e estará disponível para visitação gratuita até 10 de outubro.

A inauguração da exposição, que ocorreu na última semana, coincidiu com o 80º aniversário do lançamento do primeiro livro de Clarice, 'Perto do Coração Selvagem', em 1943. As obras de 'Clarices' retratam, com inspiração expressionista e por meio de diversas técnicas artísticas, momentos da vida da homenageada, como o ato de escrever em casa com uma máquina de escrever no colo e um cigarro nos lábios, um de seus hábitos marcantes.

A exposição também aborda a faceta de Clarice como esposa de um diplomata que vivia no exterior, equilibrando a vida conjugal com o desejo de autonomia, além de retratar sua experiência como mãe de dois filhos e tutora do cão Ulisses. As pinturas, que possuem dimensões de um metro por 70 centímetros, buscam capturar a essência, os sentimentos e os mistérios que envolvem a escritora.

'Clarices'

Graça criou a coleção com o intuito de destacar a relevância da obra da autora e torná-la mais acessível, especialmente para as gerações mais jovens. Ela acredita que a exposição cumpre o objetivo de aproximar as pessoas da escritora modernista. "Embora Clarice tenha partido há 46 anos, sua prosa se faz muito necessária neste momento histórico de vazio existencial e da valorização equivocada do aparente e do fútil", diz a artista, que vive e tem atelier em Porto Alegre.

Graça Craidy

Graça Craidy, de 72 anos e natural de Ijuí, é formada pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e começou a atuar em Publicidade em 1973. Em Porto Alegre, trabalhou no Grupo RBS e na Marca, entre outras empresas de Comunicação, e em São Paulo, entre 1984 e 2004, atuou na CBP, na Grottera, na Guimarães e Giacometti, na J.W. Thompson, na Lew'lara, na Newcomm Bates, no Pão de Açúcar, na Propeg e na Viva Health. É autora do livro 'Do Porão ao Poder - A ascensão dos criadores publicitários ao poder, no Brasil, entre 1970 e 1990' pela editora Dialética. Dedica-se às artes visuais desde o início da década de 2010, já tendo feito cursos em Florença, Miami e Roma e realizado várias exposições individuais - uma delas na Itália - e participado de coletivas.