UFRJ publica relatório sobre desinformação envolvendo desastre natural no RS

Documento aponta oito narrativas criadas para manipular público e aumentar crise, trazendo mais dificuldade para os esforços públicos e da sociedade civil

NetLab aponta 351 anúncios fraudulentos e 51 espalhando desinformação na plataforma da Meta - Crédito: Reprodução

Após reportagens investigativas e iniciativas de checagem de fatos terem apontado ampla circulação de conteúdos com informações falsas envolvendo o desastre climático no Rio Grande do Sul, o NetLab produziu um relatório de análise ao ecossistema da desinformação em múltiplas plataformas. O laboratório de pesquisa da Escola de Comunicação (ECO) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aponta no documento oito narrativas consideradas as principais para tentar manipular a percepção do público sobre os acontecimentos no Estado. O Estudo pode ser conferido na íntegra pelo link.

O roteiro de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Governo Federal não estariam comprometidos com a situação das vítimas das enchentes está fortemente atrelado com a desinformação nessas plataformas, de acordo com o NetLab. Outro ponto fortemente destacado pela pesquisa, como narrativa criada a partir de mentiras, é o fato de a Starlink ser o único serviço de internet auxiliando nos resgates. 

O relatório ainda apresenta nomes de influenciadores e políticos que utilizaram de seus perfis nas redes sociais para disseminar ódio ou espalhar desinformação, inclusive contribuindo para outra narrativa inventada: "figuras de direita estão ajudando mais que o governo." Os cinco roteiros restantes apontados pelo laboratório de pesquisa são: Marina Silva (Rede Sustentabilidade) insiste em culpar Jair Bolsonaro (PL) por tragédia; show da Madonna recebeu recursos que deveriam ir para o Rio Grande do Sul; Governo impede doações de chegarem às vítimas; chuvas foram castigo divino; e que a tragédia foi planejada por globalistas.

Conforme apontado pelos profissionais da empresa, os conteúdos atrapalham os trabalhos de assistência à população atingida pelas enchentes, sendo utilizados por pessoas que desejam lucrar, obter engajamento ou apoio político com o desastre. A equipe identificou ao todo 351 anúncios fraudulentos associados às enchentes nas plataformas da Meta, propagados por 186 anunciantes. Além disso, também foram identificados 51 com desinformação, de 36 anunciantes diferentes.

O NetLab trata a desinformação climática como um dos principais motores da tragédia, e o ambiente on-line acaba sendo permissivo para esse tipo de comportamento pela falta de regulamentação. O documento culpa também as plataformas pela falta de transparência ao remover anúncios suspeitos.

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