Possível separação do Google pode trazer impactos aos anunciantes e publishers
Solicitação de divisão ocorreu por meio do Governo dos Estados Unidos

Na última semana, o Governo dos Estados Unidos solicitou a um juiz para ordenar a separação do Google, por meio da venda do navegador Chrome. Segundo especialistas do mercado da Comunicação global, a divisão das propriedades da empresa poderá prejudicar os pequenos e médios anunciantes.
O Departamento de Justiça dos EUA acusa o Google de monopólio no mercado de buscas a big tech - empresa de tecnologia e inovação - de pagar ilegalmente US$ 26,3 bilhões a fabricantes de smartphones. O objetivo da companhia era que a plataforma fosse o buscador utilizado pelos usuários dos aparelhos, o que cria barreiras para os concorrentes.
Em defesa ao recurso utilizado pela empresa, o advogado da Alphabet,John Schmidtlein, comentou que a relevância do Google é resultado da preferência dos usuários. No Tribunal Federal do Distrito Leste da Virgínia, nos Estados Unidos, também há um julgamento que investiga um monopólio sobre as publicidades digitais por prática como compra de concorrentes.
Utilização de plataformas
Em agosto, o Chrome concentrava 65% de market share - participação de mercado - global. Enquanto no Safari, essa participação era de 18%. O Microsoft Edge tem 5% do segmento, segundo a Statista - plataforma on-line de coleta e visualização de dados. No Brasil esse número chega a 77% do mercado de buscas, conforme dados de setembro, do Statcounter, site de análise de tráfego Web.
Resultado da separação para os anunciantes
O professor da Fundação Getúlio Vargas Marcelo Coutinho afirma que a integração das operações reduziu o atrito em diferentes processos e insumos necessários para realizar divulgações em ambiente digital. Isso significa que atraiu o investimento de grandes e pequenos anunciantes. "A potencial separação do Google afetaria os players do mercado, ainda mais pequenos publishers e anunciantes."
"O verdadeiro estrago será feito no grupo de anunciantes, veículos e agências de comunicação de médio e pequeno porte, pois pelo menos durante um bom tempo vai ser mais complexo, e consequentemente mais custoso, anunciar no digital, já que terão que desenvolver soluções tecnológicas próprias", comenta em nota o professor.
Para o CEO da Zygon Adtech e membro do conselho do IAB Brasil, Lucas Reis, essa possível divisão pode estimular a competição, oferecendo espaço para outros players, e reduzir os custos de mídia. "Porém, até a consolidação do recurso, em médio prazo, quem publica conteúdos e depende do ecossistema do Google poderá ter redução de receita publicitária, especialmente os menores. E em curto prazo as campanhas poderão sofrer impactos negativos perante a complexificação da gestão de campanhas multiplataformas", considera.