Cinco perguntas para Diego Weigelt
Jornalista é doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa
1. Quem é você, de onde vem e o que faz?
Chamo-me Diego Weigelt. Sou jornalista, professor, escritor, cafezeiro, entre outros. Nasci em Porto Alegre, em 1983, mas fui morar em Santa Cruz do Sul aos três anos de idade. Por isso, considero-me um santa-cruzense. Sou formado em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul e doutor em Ciências da Comunicação - Cultura Contemporânea e Novas Tecnologias pela Universidade Nova de Lisboa, em Portugal.
2. O que mais te moveu a escolher a carreira na Comunicação?
Desde a adolescência, sempre tive certeza de que cursaria Comunicação. De alguma forma, todos que faziam o curso tinham como objetivo um mundo mais justo e igualitário, por meio de um Jornalismo transformador. Posso dizer que devo tudo à Comunicação. Morei em Brasília, Lisboa e no Rio de Janeiro. Conheci pessoas incríveis em 32 países. E a Comunicação continua me levando a lugares que nunca imaginei, permitindo-me contar histórias e conhecer outras realidades.
3. Você recentemente lançou o livro 'Uma Vida com Café', sobre a indústria do café e seus integrantes. O que o motivou a escrever sobre esse assunto?
'Uma Vida com Café' é meu terceiro livro, o primeiro que não trata especificamente sobre Comunicação. É fruto de uma pesquisa de dois anos, em que busco compreender como o café molda, inspira e acompanha vidas ao redor do mundo. Por que as pessoas trabalham com isto? Por que fazem o que fazem? Quis falar sobre o amor que agricultores, empresas e marcas têm pelo grão.
Para isso, apresento 25 entrevistas com produtores de diferentes regiões do mundo: Açores, em Portugal; Argentina, Brasil, China, Colômbia, Etiópia, Havaí, nos Estados Unidos;Ilha da Reunião, na França; Ilha de Santa Helena, no Reino Unido; Indonésia, Inglaterra, Itália, Panamá, Peru, Tailândia e Vietnã. É uma obra em que os leitores encontrarão relatos e fatos surpreendentes sobre o café no mundo. O que me motivou a escrever foi perceber que, aqui no Brasil, os livros sobre o tema se dividem basicamente entre dois tipos: os que ensinam a preparar a bebida e os que contam sua história.
'Uma Vida com Café' é uma obra inédita nesse campo - não apenas pela diversidade de fontes, mas também pelo compromisso com a escuta, com a valorização das histórias locais e com a construção de uma narrativa global. Tenho a honra de contar com a arte da artista plástica baiana Valéria Vidigal na capa do livro. Recentemente, concluí mais uma viagem de 8.000 quilômetros pelo Brasil, com lançamentos em São Paulo, Bahia e Espírito Santo. A ideia é seguir levando o livro a diferentes regiões e eventos do país.
4. Qual foi o maior desafio durante o processo de escrita?
O maior desafio foi mapear as pessoas, empresas e marcas de café ao redor do mundo. Entrar em contato com todas foi um trabalho minucioso, lento e que exigiu muita persistência. Por exemplo: levei quase três meses para conseguir entrevistar a presidente da marca colombiana Juan Valdez. O pedido precisou passar por diversos setores da empresa. Outro desafio foi selecionar quais relatos estariam no livro. Se todas entrassem, a obra não teria 180 páginas, e sim mais de mil. Por isso, uma ideia que tenho é lançar um segundo volume, com outros países e estados produtores do Brasil.
5. Quais são os seus planos para daqui a cinco anos?
Sinceramente, não penso mais a longo prazo. Primeiro, por uma questão de saúde mental. Depois, porque não sei se estarei vivo. Algo que me impacta muito é ver que cada vez mais pessoas jovens estão morrendo. Franz Kafka dizia que o sentido da vida é que ela termina. O que quero é, um dia, olhar para trás e perceber que não levei uma vida monótona. Quero continuar trabalhando com Comunicação - porque a vida é comunicação.
Também quero realizar um sonho de infância: escrever um romance e lançá-lo na 'Feira do Livro' de Porto Alegre de 2026. A Feira era algo mágico para mim. Ia todos os anos ver o Moacyr Scliar. Tenho todos os livros dele autografados até hoje. Quero trabalhar com muitas coisas. Custa-me acreditar que devemos ser uma só coisa a vida toda.
Quero trabalhar com turismo rural, na Quinta dos Pirilampos, uma casa temática que fica em Vera Cruz e homenageia Portugal e os escritores Mário Cesariny e Fernando Pessoa, a quem admiro muito. Lá temos a primeira plantação de café do século XXI no Rio Grande do Sul - algo que todos diziam ser impossível. Já são mais de 250 pés, de mais de 10 variedades, que resistiram até mesmo a geadas. Atualmente, temos mais de 1.400 mudas em desenvolvimento, que pretendemos plantar e distribuir para outros produtores rurais. Quem sabe, no futuro, Vera Cruz não se torne a capital do café no Estado?
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