A censura durante a Ditadura Militar atingiu inúmeros profissionais, que foram presos, exilados e perseguidos em um momento delicado da história do Brasil. Um dos setores que mais sofreu com a forte repressão do governo foi a Imprensa, com profissionais sendo vigiados, calados e violentados. Para conversar sobre o assunto, a apresentadora Márcia Christofoli recebe no 'Fala, Mercado' desta semana Iraguassú Farias, diretor Comercial de Coletiva.net, e Walmaro Paz, jornalista com mais de 50 anos de carreira.  

Durante o golpe militar, em 1964, Walmaro ainda estava no segundo grau - atual ensino médio - e soube da mudança na política ao passar perto de bancas de jornais a caminho da escola. "Cheguei no colégio e nos dispensaram: 'não vai ter aula hoje, vocês podem voltar para casa'." Em seguida, o profissional relatou que antes mesmo de terminar a faculdade de Jornalismo, já havia sido preso três vezes.

A primeira delas ocorreu com 18 anos, por conta de um livro. "Cheguei com ele em um bar, botei-o na mesa e fui ao banheiro. Quando voltei, um cara estava lendo-o. Lhe disse que era meu e ele respondeu: 'o livro está preso e o senhor também'. Passei uma noite encarcerado", contou. As outras duas vezes em que foi detido foram no Ensino Superior.

Iraguassú continuou a conversa ao relatar sobre a experiência no rádio, dizendo que era necessário informar à Polícia Federal sobre as programações para passarem pela censura. Por outro lado, Walmaro disse que no jornal impresso havia uma repressão posterior ao que já havia sido publicado, ou, eventualmente, para proibir que certas informações fossem veiculadas. "Ficávamos sabendo pelo censor de muita coisa, então, contávamos para os colegas, mas ninguém dava as notícias."

Confira o episódio:

Iraguassú Farias

Formado em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e técnico em Contabilidade, o profissional tem experiência comercial em diferentes áreas, como Turismo, Calçado, Curtume, Saúde e Bem Estar e Comunicação. Nesse quesito, dirigiu o Marketing do extinto Banco Meridional (atual Santander), representou revistas especializadas, foi sócio-diretor de empresas de Comunicação Visual e, há seis anos, comanda a área Comercial de Coletiva.net, da Coletiva.rádio, das revistas do Selo Tendência e do Coletiva.tv.

Walmaro Paz

Trabalhou como estagiário no Diário de Notícias, em 1968. Durante o tempo de estudante, foi detido três vezes pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) por participar do Movimento Estudantil. Após terminar a graduação, trabalhou na Folha da Manhã, na editoria de Economia, e em seguida foi para a Zero Hora onde atuou por três meses. Depois, foi repórter na Coojornal, na Sucursal de O Globo. Foi editor do informativo sobre a Dívida Externa editado pelo Centro de Assessoria Multiprofissional (CAMP), até 1992. Trabalhou como freelancer na Veja, na Folha de São Paulo e em O Estadão, para onde fez matérias até 2010. Por dois anos foi assessor de Imprensa do ex-governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra (PT). Atualmente, é repórter do Brasil de Fato RS (site e jornal impresso). Durante a ditadura, foi proibido de lecionar Filosofia em uma Escola Normal e vigiado nos jornais em que trabalhava.