Quando um jornal fecha as portas, leva consigo parte da história de uma cidade!

Por Elis Radmann

O quarto jornal mais antigo em atividade no Brasil, o Diário Popular, de Pelotas, encerrou suas atividades neste último dia dos namorados, 12 de junho de 2024. 

E quando um jornal fecha suas portas, é como se um capítulo da memória coletiva da cidade fosse encerrado. O jornal não é apenas um negócio ou uma fonte de notícias, é um registro vivo das lutas, das conquistas, do dia a dia da comunidade e, até mesmo, das disputas políticas. Ele reflete os valores, as preocupações e as esperanças de seus habitantes. Portanto, o fechamento de um jornal longevo como o Diário Popular não representa apenas o fim de uma publicação, mas também a perda de uma voz que narrou e preservou a história de Pelotas por mais de um século.

O jornal Diário Popular, durante muito tempo, foi mais do que apenas um jornal para a cidade de Pelotas e sua região. Era o oráculo de informações, a bússola que guiava os cidadãos através do emaranhado de eventos diários. Sua trajetória estava intrinsecamente ligada ao desenvolvimento de Pelotas e da região, refletindo e moldando a história local.

A cada edição, o Diário Popular não apenas relatava os acontecimentos, mas também os interpretava, fornecendo aos leitores uma compreensão mais profunda do mundo ao seu redor. Era uma voz confiável, um amigo que visitava as casas todos os dias com notícias, histórias e insights.

O jornalismo perde um de seus pilares, os leitores perdem uma fonte confiável de notícias e a cidade de Pelotas perde um pouco de sua identidade. O silêncio deixado pelo Diário Popular é ensurdecedor, um lembrete do papel vital que o jornalismo desempenha em nossa sociedade.

A história do DP, como era carinhosamente chamado, é um testemunho do poder da imprensa em transformar a narrativa de uma cidade. Ela nos lembra que cada história contada, cada pesquisa divulgada, cada coluna escrita, contribui para a tapeçaria complexa e vibrante que é a nossa sociedade. E, embora o DP possa ter chegado ao fim, o impacto que deixou continuará a ressoar por muitos anos.

O fechamento de um jornal, qualquer que seja, não é apenas o fim de uma publicação, mas um sinal de alerta para a sociedade. Nos lembra da importância vital do jornalismo na manutenção da nossa democracia e no combate à desinformação e às Fake News. Sem jornalistas dedicados a investigar e relatar os fatos, corremos o risco de sermos inundados por uma onda de notícias falsas ou de meias verdades. Devemos sempre valorizar o jornalismo e a ciência que está por detrás desta profissão tão importante e tão pouco valorizada.  

O jornalismo fornece informações vitais, promove a transparência e ajuda a manter o público informado sobre questões importantes e, ainda é, um "fiscalizador nato" da gestão pública. Valorizá-lo é essencial para uma comunidade bem-informada e engajada. 

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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