Orgulho de ser jornalista

Por Márcia Martins

A manchete da excelente matéria do Tiago Medina, com colaboração da querida e competente Naira Hofmeister, publicada na News do Matinal no dia 6, quando a tragédia que assolava grande parte do território do Rio Grande do Sul ganhava dimensões assustadoras, já dizia tudo. "O sistema anti-enchente falhou por falta de manutenção, avaliam especialistas", numa referência específica ao caos instalado em Porto Alegre. Nesta coluna, poderia falar mais sobre o despreparo dos gestores em Porto Alegre nas últimas administrações, mas vou evitar, em respeito aos gaúchos atingidos pelas cheias, e me focar em outro aspecto.

E, como o cenário, na minha avaliação, é de um luto indescritível, a coluna será breve, sintética e objetiva. Na próxima semana, se eu estiver mais refeita e controlar melhor a minha angústia, prometo tentar temas menos ásperos, falar de flores, saudar o sol (assim espero), comemorar a vida dos que sobreviveram e fugir de qualquer assunto mais tenso.

Hoje, eu apenas quero reafirmar, reforçar e esperar que leitores e leitoras possam me entender. Que imenso orgulho de ser jornalista, mesmo que não esteja mais em atividade (sim, usufruo da merecida aposentadoria). De saber que os profissionais desta categoria fizeram a diferença para dar as notícias nestes dias de mortes, desaparecidos, desabrigados, desalojados, desiludidos.

Parabéns aos colegas de todos os veículos, desde os da grande mídia (com inúmeras condições de coberturas fenomenais) até os da imprensa menor ou alternativa (que tiveram que burlar a falta de recursos financeiros). Parabéns aos colegas que simplesmente colocaram a dor deles na gaveta e saíram para os mais diferentes recantos deste Estado hoje destroçado para informar sobre essa imensa que transformou o Estado neste quadro de guerra.

É um orgulho ser jornalista. É um orgulho ver vocês, meus colegas, atuarem em situações como estas. É confortante saber que os e as jornalistas seguem caminhando por solos inundados, com o corpo molhado e as lágrimas querendo saltar dos olhos, mas não deixaram de noticiar. Sou sim jornalista, com orgulho (é necessário repetir), com a certeza de que esta é uma profissão maravilhosa e que jamais foge à sua função.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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