O término

Por Luan Pires

12/07/2024 18:27 / Atualizado em 12/07/2024 18:26
O término

A jovem levantou-se da cama com frio. E com saudade. Era o primeiro dia. Foi a primeira noite. Olhar pro lado na hora de dormir e se contentar com seu travesseiro era algo que ela não estava acostumada. Como teria sido a primeira noite dele? Tinha dormido bem? Tinha dormido? Tinha dormido sozinho? Ela pensava que embora fosse comum terminar o namoro com alguém, ainda assim era uma dor alucinante. Era como acordar depois de perder alguém pra Morte. O problema é que ela sabia que esse alguém estava por aí, vivendo ou doendo. Ela preferia que fosse doendo. Não era boa o suficiente para desejar a felicidade do ex. Pelo menos, não ainda.

Quando passou o café da manhã ficou com medo de olhar o celular. Não veria a mensagem dele. Ou veria? O que seria pior? A mente dela martelava a vontade de falar e a vontade de não saber da existência dele num equilíbrio cruel. Quando olhou o celular viu que não tinha mensagem. Percebeu que se não tomasse o café, ele ia esfriar. Que se não fosse trabalhar, não ia ter dinheiro. Foi duro perceber que eu, a Vida, continuava para ela. 

Olhou-se no espelho e sentiu raiva de vivenciar um término, novamente. Ela era o problema? Arrumou o cabelo do jeito que sempre fazia, mas decidiu refazer. Talvez, mudar externamente alterasse algo nela lá no fundo. Tinha medo de sentir saudade dele ainda mais. De não conseguir levantar da cama em poucos dias. Tinha medo do que viria. Então, percebeu que esse medo sempre existiu. Com ele ou sem ele.

O medo ia estar pra sempre na história dela, mas a história dela ia ser só dela pra sempre. Parece redundante, mas naquele minuto aquilo fez toda a diferença para a jovem. O celular tocou. Ela olhou o número e desligou. A vida continua, pensou.

Eu concordei. Sim, eu sempre continuo.

Com Amor, Vida.