O papa é pop?

Por Flávio Dutra

 

De incensado por todos, o papa Francisco passou a ser contestado por muitos. As críticas crescem, inclusive, no seio da Igreja e por matérias de fé, indo de encontro a chamada infalibilidade papal. Este é um dos dogmas do catolicismo, promulgado por Pio IX no Concílio Vaticano I, em 1870.  Nesses casos, o papa seria amparado pelo Espírito Santo. 

Será que é inspiração do Espírito Santo a contestação a Francisco, sobretudo quando defende a participação dos gays na Igreja? "Eles são filhos de Deus", justifica o papa, que permitiu até que os padres abençoassem casais do mesmo sexo, gerando uma forte reação da ala mais conservadora da Igreja. Certamente não foi o Espírito Santo que orientou Francisco quando pediu, em encontro com os bispos italianos, que não aceitem padres abertamente gays. "Já existe bichice demais nos seminários", falou Francisco. O papa é pop, mas nem tanto, por isso o Vaticano se apressou em apresentar as desculpas papais pela linguagem homofóbica utilizada. Na semana passada, ele reincidiu e, numa reunião fechada com padres, afirmou que "existe um ar de bichice no Vaticano". 

Os episódios permitem duas constatações: Francisco usou uma linguagem inusitada, mais apropriada para uma mesa de boteco do que para quem é chamado de Santo Padre; e, certamente pela primeira vez, o Papa se obriga a um pedido de desculpas após um pronunciamento.

Outra polêmica envolvendo o Pontífice ocorreu em encontro fechado com jovens sacerdotes italianos. Em resposta a um questionamento da plateia, Francisco disse que "fofoca é algo para mulheres", declaração devidamente gravada, sem que o Vaticano tenha se posicionado a respeito.

Nesses casos permitem-se três conclusões: existem muitas bichices nos seminários católicos e no Vaticano; tem bispo traíra vazando as exortações do papa e tem muito padre fofoqueiro no clero romano.  Pelo menos duas conclusões se baseiam em declarações do chefe da Igreja, então devem ser verdadeiras, afinal o papa é infalível. 

Autor
Flávio Dutra, porto-alegrense desde 1950, é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com especialização em Jornalismo Empresarial e Comunicação Digital. Em mais de 40 anos de carreira, atuou nos principais jornais e veículos eletrônicos do Rio Grande do Sul e em campanhas políticas. Coordenou coberturas jornalísticas nacionais e internacionais, especialmente na área esportiva, da qual participou por mais de 25 anos. Presidiu a Fundação Cultural Piratini (TVE e FM Cultura), foi secretário de Comunicação do Governo do Estado e da Prefeitura de Porto Alegre, superintendente de Comunicação e Cultura da Assembleia Legislativa do RS e assessor no Senado. Autor dos livros 'Crônicas da Mesa ao Lado', 'A Maldição de Eros e outras histórias', 'Quando eu Fiz 69' e 'Agora Já Posso Revelar', integrou a coletânea 'DezMiolados' e 'Todos Por Um' e foi coautor com Indaiá Dillenburg de 'Dueto - a dois é sempre melhor', de 'Confraria 1523 - uma história de parceria e bom humor' e de 'G.E.Tupi - sonhos de guri e outras histórias de Petrópolis'. E-mail para contato: [email protected]

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