Lições da Copa de Clubes

Por Rafael Cechin

02/07/2025 16:52
Lições da Copa de Clubes

Inveja é pouco para definir o que a gente sente em relação à presença de brasileiros no Mundial de Clubes que ocorre nos Estados Unidos. Ver três cariocas e um paulista disputando em palcos de Copa, contra os melhores do mundo, dói muito. Não adianta negar. O que nos resta? Aprender com quem está ou esteve por lá. Para tentar chegar na competição em 2029. Aqui na coluna trago fatos e questões importantes para se refletir.

Não vou falar dos representantes do nosso país. Para ilustrar, vou abordar como exemplo o Al Hilal da Arábia Saudita e o Monterrey do México, deixando claro que são dois cenários totalmente distintos entre eles. Para mim, um explica a tática. O outro, o tamanho. Não à toa estão no celebrado campeonato.

Os árabes vivem o mundo dos sonhos. Para atrair atenções e aderir ao ?sportwashing? (prática adotada para deixar mais bonitinha a imagem de quem faz coisas erradas), o governo saudita injetou dinheiro em seus principais clubes. Por isso apareceram por lá nos últimos anos grandes astros como Cristiano Ronaldo, Mané, Firmino, Benzema e outros. Muita grana, nada a ver com Grêmio e Inter.

O que destaca o Al Hilal é a coragem ao enfrentar os gigantes. Empatou com o Real Madrid na estreia, atuando de igual para igual com os espanhóis. Não deixou a desejar ainda na fase de grupos contra Salzburg e Pachuca. Contra o Manchester City, brilhou e conquistou uma vitória histórica por 4 a 3. E é sobre isso que quero falar. Com o técnico Simone Inzaghi, vice da Champions no mês passado com a Inter de Milão, buscou o gol a todo o momento diante do time inglês do badalado Pep Guardiola.

Mesmo quando ganhava por um gol, na parte final da prorrogação, não deixou de atacar o poderos adversário. Uma lição incrível para o nosso futebol. Se fosse um brasileiro, especialmente a dupla Gre-Nal, o time da Arábia Saudita se encolheria e jamais faria quatro gols. Jamais. Atitude que foi recompensada pela vaga nas quartas-de-final.

Já os mexicanos do Monterrey passam por um quadro financeiro semelhante aos melhores clubes gaúchos. Na temporada, contrataram Sérgio Ramos, renomado zagueiro espanhol numa sacada parecida com Suarez no Grêmio. Com criatividade e bom olhar sobre o mercado conseguiram se posicionar muito bem na Copa de Clubes. Saíram fortalecidos. Sobrou atitude e competência, o que fez se darem bem.

É bom lembrar que os brasileiros estão no torneio por terem ganho as últimas quatro edições da Libertadores. Neste período a dupla Gre-Nal no máximo chegou a uma semifinal com o Inter em 2023. Ou seja, nem perto da classificação. Fomos incompetentes administrativamente, sem atitude de campeões, o que nos falta há tempos.

É a maior competição da história do futebol para clubes. Assistimos pela TV. Por que? Esperamos encontrar respostas mais exatas muito em breve. Temos mais três anos para viver uma realidade diferente, como participantes, em 2029.