IN FORMA

Por Marino Boeira

03/07/2024 16:42
IN FORMA

A NOSSA MISÉRIA INTELECTUAL

A renúncia ao debate é também uma forma de renúncia ao pensar.

O aparecimento das redes sociais abriu a possibilidade das pessoas em geral escaparem da ditadura dos meios de comunicação tradicionais e exporem seus pontos de vista sobre importantes questões, principalmente as que dizem respeito à política. 

Apesar disso, uma rápida passagem pelo Facebook, por exemplo, mostra que a maioria das postagens são para exibir a foto do primeiro dentinho do filho amado, ou daquele pet tão engraçado.

O posicionamento político, fundamental para marcar nossa presença como cidadãos, é visto quase sempre sob uma ótica extremamente personalista.

Não se discute ideias. Se discute personagens.

Os que amam o Lula, odeiam o Bolsonaro.

Os amam Bolsonaro, odeiam o Lula.

O que seria uma opção político-partidária vira uma religião.

Lula é um santo que está fazendo milagres para salvar o Brasil, que o demônio Bolsonaro quase destruiu com o seu sadismo explícito.

Quem não adere a essa dicotomia é solenemente ignorado.

Quando respondeu ironicamente ao livro de Proudhon A Filosofia da Miséria, em 1948 com A Miséria da Filosofia, Karl Marx mostrou como é importante se pensar racionalmente sobre os fatos da economia e da política.

Hoje, a divisão maior na visão que temos sobre a política é entre um pensamento de esquerda e um de direita. A direita, na maioria das vezes renuncia ao pensamento crítico em favor do que considera as verdades reveladas. Cabe, com isso, à esquerda o pensamento crítico naquela linha proposta por Marx.

A esquerda, mesmo a não marxista, luta sempre pela chegada a um horizonte socialista. O que pode diferenciá-las é o uso de critérios de avaliação mais ou menos científico.

No caso específico do Brasil hoje é saber se o presidente Lula e o seu partido o PT lutam pelo avanço em direção ao socialismo, ou não?

Nossa posição é que não lutem por esse avanço e, mais do que isso, se esforçam pela consolidação do sistema capitalista. O atual governo do presidente Lula, tem sido um aliado consciente dos setores mais retrógrados do capitalismo,  basicamente o sistema bancário e o agronegócio.

 A consciência da existência de lutas de classe e a necessidade de apoiar a classe trabalhadora nessas disputas não fazem parte objetivamente das políticas do atual governo.

Para o atendimento do grande empresariado, os banqueiros e os latifundiários é que se orientam as políticas de estado hoje no Brasil.

É a política fiscal voltada para garantir o pagamento da dívida pública aos banqueiros e o crédito fácil dos bancos oficiais para o agronegócio exportador.

Para os trabalhadores um salário mínimo que só pode envergonhar o Brasil como nação civilizada e  uma pobreza cada vez mais assustadora que  o governo pretende mitigar com as migalhas da bolsa família.

Esses são temas que mereciam ser discutidos no Facebook e outras redes sociais, mas que quando alguém como eu os coloca em pauta é solenemente ignorado.

Um dos poucos canais que se propõe a agir politicamente nesse sentido é o da Revolução Brasileira . Segui-lo nas redes sociais e no YouTube pode ser o primeiro passo na luta por um Brasil socialista.