É preciso, ainda, insistir na paridade de gênero

Por Márcia Fernades

Os Jogos Olímpicos de 2024, que acontecerão na França, em Paris como principal anfitriã, e 16 outras cidades espalhadas pelo país, serão as primeiras da história da competição com paridade total de gênero. Os 32 esportes, em 48 modalidades, deverão ser disputados por 5.250 atletas do sexo masculino e igual número de atletas do sexo feminino. Nos 19 dias das Olimpíadas de Paris, foram separadas 50% das vagas nas cotas para as esportistas femininas, segundo informou em matéria publicada no boletim da Organização das Nações Unidas (0NU), o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach.

Pela primeira vez, o maior evento esportivo do mundo terá total igualdade de gênero nas competições. Será a maior participação feminina em 100 anos. E ainda assim, Thomas Bach reforçou que existe "um longo caminho a percorrer para garantir respeito total pelos direitos humanos e inclusão no esporte". Mas o fato deve ser comemorado uma vez que o ambiente esportivo - e as frequentes denúncias comprovam isso - não é nem um pouco imune ao racismo, à violência contra as mulheres e outras formas de discriminação.

Aliás, o ponta-esquerda Vini Júnior, que joga atualmente pelo Real Madrid e pela Seleção Brasileira, tem sido vítima recorrente de atos de racismo desde que chegou ao futebol espanhol. A presença feminina nos estádios de futebol nem sempre é bem aceita e palavras depreciativas e as mais variadas formas de assédio, volta e meia, são noticiadas pela imprensa. O desrespeito, racismo e as cenas mais horripilantes de discriminação ocorrem - apesar dos inegáveis progressos - nas mais diferentes modalidades de esportes.

No mesmo boletim da ONU, citado mais acima, o alto comissário da organização para os Direitos Humanos, Volker Turk, destacou que quando os atletas usam suas vozes para promover a igualdade nos esportes - o que é viável com a paridade por apresentar um ambiente mais propício ao acolhimento - tornam-se excelente defensores dos direitos humanos. Por isso, a importância cada vez mais urgente de se insistir na paridade de gênero em todos os aspectos. 

E o Brasil vai fazer bonito no item igualdade de representação. O nosso País classificou 266 atletas para o megaevento esportivo. Nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, estaremos torcendo pelo bom desempenho em diversos esportes de 152 mulheres e 114 homens. 

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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