Bobeou, a gangorra sobe e desce

Por Rafael Cechin

E se inverte. Sim, estamos acostumados na história do futebol gaúcho a vitórias e derrotas, títulos e fracassos que mudam o panorama da famosa gangorra. O Inter badalado campeão da América perdendo para o Mazembe, o Grêmio com um elenco vencedor rebaixado em 2021. E por aí vai. Neste fim-de-semana, a saga continuou. Poucos dias depois de o tricolor estar na parte de cima, o colorado saiu de baixo para subir.

O 3 a 1 não foi vitória sobre o Juventude, mas sobre o próprio Inter. Marcar três gols, ter confiança, ficar seguro na partida não eram mais hábitos com os quais os colorados estavam acostumados. A troca de comando pós saída de Coudet trouxe o esforço dos atletas como há muito não se via. Melhor ainda: devolveu jovens da base ao time titular, o que sempre foi motivo de sucessos ao longo dos 115 anos do clube. 

Maiores destaques, Alan Patrick e Valencia viraram reservas fazendo com que (principalmente) Gabriel Carvalho, Thiago Maia, Wesley, Tabata e até Borre e Bernabei pudessem brilhar. A gestão também foi reforçada com a devolução de um executivo, D'Alessandro perto do vestiário e o afastamento do presidente, o que, acreditem, faz muita diferença e será um capítulo à parte aqui nessa coluna. Está tudo se ajeitando no Beira-Rio. Na próxima rodada, aposto que o Inter volta a vencer e o Grêmio fica para trás.

Na classificação, ambos seguem longe do protagonismo. Sem mencionar que estão fora das copas. O ponto é que o time comandado pelo Roger Machado se encaixou. Ganhou consistência. Enquanto para os lados da Arena a coisa voltou a degringolar. Lá em cima quem briga mesmo são cariocas, paulistas e até um cearense. Cabe ao Inter tentar manter o embalo para quem sabe aproveitar alguma chance mais adiante no campeonato.

Para os gremistas, o domingo teve requinte da mais pura crueldade. Voltando à Arena, diante de um Atletico-MG desfalcado dos principais jogadores, abriu 2 a 0 e perdeu com dois gols nos acréscimos, sendo o último anotado por um ex-atacante do próprio clube que saiu daqui pela "porta dos fundos". Cenário devastador que colocou o time do Renato de novo na mira do Z-4 e mais distante do que nunca se lutar por algo melhor no Brasileirão.

O treinador do Grêmio, mais uma vez, terceirizou a responsabilidade pelo resultado ruim. Claro que os "erros infantis" citados por ele depois da partida não poderiam ocorrer. Ganhando por dois de diferença em casa no segundo tempo? Não deixa empatar. Muito menos virar! Mas Renato empurrou a culpa para os atletas e, pior de tudo, para um jovem e promissor zagueiro, que assumiu recentemente a titularidade. Imagina a cabeça do Gustavo Martins observando o que disse o próprio chefe a todos na frente dos microfones? Nem na gestão de grupo, uma de suas melhores qualidades, o técnico parece estar se achando no momento. Muito perigoso.

Velhos erros de terceirizar as culpas são cometidos com aval de uma direção que também dá mais poder do que deveria ao treinador, que nada mais é do que um funcionário. E velhos acertos de apostar na base e engajar os jogadores ocorrem no lado vermelho. Será que a gangorra vai ficar assim por mais tempo? Veremos nas próximas rodadas.

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