As enchentes devastaram nosso Estado, mas não a nossa alma!

Por Elis Radmann

A tragédia que avassala o RS tem sido algo inimaginável, sem precedentes. Aquela situação que nem os nossos "oráculos pessoais", como nossos avós, tios, tinham presenciado. 

É fato que algumas cidades ainda estão vivendo o drama do alagamento, enfrentando as águas que tomaram conta de ruas e lares. Em outras cidades, as pessoas estão arregaçando as mangas e indo à luta. Limpar as casas e os comércios ativa um misto de sentimentos: de um lado, uma sensação de perda irreparável, com a lama levando a história das famílias; de outro, a sensação de que é possível superar e de que temos que ter gratidão pela vida. 

Em todas as situações e etapas, o voluntariado e o mar de solidariedade têm sido o "farol de luz" para todos os atingidos dessa tragédia. Cada um ajuda com o que pode. Os gestos de amor vão ganhando espaço entre tanta dor e é comum encontrarmos desabrigados que também são voluntários.

Como há muitas opiniões e humores, nem todos estão encarando a tragédia pelo ângulo da superação. Em alguns casos, a dor é tanta que a indignação se exacerba e a irritação fala mais alto. Não é à toa que todos os abrigos pedem voluntários com capacidade de mediar conflitos, especialmente, psicólogos. Dentro deste contexto, as bolhas digitais, que motivam o discurso do ódio, ativam o mecanismo da culpabilidade. Logo veremos mais e mais gente tentando culpar alguém e gestores públicos que não estavam trabalhando na prevenção, terão que se explicar.

Mesmo com tanta tristeza, não podemos esquecer que somos um povo bravo, resiliente. As águas podem ter levado nossos pertences, mas não nossa determinação. A lama deixada para trás será removida com a força da nossa união. As marcas da destruição serão substituídas por sinais de recuperação e esperança e teremos muita história para contar. 

Juntos, reconstruiremos não apenas as estruturas físicas, mas também o espírito de cada um que foi afetado. As cidades serão repensadas e, em breve, a economia irá pulsar, o trabalho ocupará a tristeza e cada amanhecer será um novo dia para acreditar.

Neste momento de contenção e superação, vemos mais do que nunca o verdadeiro significado de solidariedade. Vizinhos ajudando vizinhos, estranhos se tornando amigos e todos trabalhando com um único propósito: restaurar a vida ao seu curso normal. O RS é forte e sua gente mais forte ainda. Unidos, superaremos essa tragédia e emergiremos mais fortes do que antes.

Autor
Elis Radmann é cientista social e política. Fundou o IPO - Instituto Pesquisas de Opinião em 1996 e tem a ciência como vocação e formação. Socióloga (MTB 721), obteve o Bacharel em Ciências Sociais na Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e tem especialização em Ciência Política pela mesma instituição. Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Elis é conselheira da Associação Brasileira de Pesquisadores de Mercado, Opinião e Mídia (ASBPM) e Conselheira de Desburocratização e Empreendedorismo no Governo do Rio Grande do Sul. Coordenou a execução da pesquisa EPICOVID-19 no Estado. Tem coluna publicada semanalmente em vários portais de notícias e jornais do RS. E-mail para contato: [email protected]

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