Aplausos, vaias, delírio, desespero: a gangorra volta a ficar desequilibrada

Por Rafael Cechin

A semana é decisiva, não apenas pela volta do Grêmio à Libertadores. No Brasileirão ambos vivem uma fase de definição em relação ao que vão brigar até o fim do campeonato. Depois de 22 rodadas, mesmo que ainda tenham partidas atrasadas em função das enchentes de maio, a dupla Gre-Nal precisa vencer se não quiser viver o segundo semestre como coadjuvante.

O protagonismo está nas mãos do Grêmio. Tem um baita desafio na principal competição sul-americana contra um adversário em má fase. O leve favoritismo sobre o atual campeão, que luta contra o rebaixamento e não consegue embalar sob comando do velho conhecido Mano Menezes, talvez leve Renato Portaluppi e seu grupo de jogadores a estarem prontos para lutar por coisas melhores na temporada. É hora de mostrar que a eliminação na Copa do Brasil não deixou traumas.

O calendário tricolor tem o Fluminense nesta terça em Curitiba pelas oitavas da Libertadores. No jogo de ida, abrir vantagem será fundamental. Os recém contratados e a gurizada têm dado resposta e precisam forçar o treinador a mudar a escalação. Além das ascensões evidentes de Gustavo Martins, Gustavo Nunes, Monsalve e principalmente do novo goleador Braithwaite, o retorno de Diego Costa é um trunfo para buscar a classificação entre os oito melhores da América. No fim-de-semana, logicamente com reservas em função da volta no Maracanã, terá pela frente o perigoso Bahia em casa, ainda não na Arena, em Caxias do Sul.

Assim como ocorreu nas últimas duas semanas, coloco o Grêmio como a aposta para terminar na parte de cima da gangorra. Das palavras que estão no título deste artigo, os azuis contam com "aplausos" e "delírio". Aos colorados, cabe "vaias" e "desespero", porque a coisa não anda fácil pros lados do Beira-Rio. Há quem enxergue melhoras. Na verdade, o que se vê é um time ainda muito irregular. Tática e emocionalmente, o Inter em campo, fora dele em várias situações, é uma constante montanha-russa.

Diante da instabilidade, não tem como dar o palpite de que os vermelhos terminam melhores essa semana. Os 50 dias sem vitória pressionam muito um conjunto que não se ajeitou. Nem mesmo as duas semanas inteiras só com treinos fizeram Roger Machado recuperar o caminho que a torcida deseja. A má fase dos principais atletas e desfalques por problemas físicos pioram o quadro. A próxima partida é no meio de semana contra o Juventude no Beira-Rio para reduzir o saldo de jogos atrasados no Brasileirão. Depois, diante do lanterna Atlético-GO fora de casa. Mais duas oportunidades para reagir. Consegue? Eu não acredito muito.

Fato é que estamos numa fase avançada da temporada. Se não voltar a vencer, o Inter poderá só tentar evitar o Z-4 até o final de 2024. Caso não avance na Libertadores e não siga embalado no campeonato nacional, o Grêmio terá desafios menores no semestre. O momento, portanto, mais do que nunca pede vitórias essa semana. Para não vermos nossos principais times serem coadjuvantes daqui para a frente. Que a gangorra, hoje desequilibrada para o lado tricolor, fique com ambos na parte de cima.

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