A história como ela foi (IV)

Por Vieira da Cunha

Coletiva.net completou 25 anos de uma incrível trajetória. De uma simples folha de fax é hoje portal, canal de YouTube, emissora de rádio, revista.

Testemunha e personagem desta história, tento contar como tudo começou.

Ajudar a construir a história da comunicação do Rio Grande do Sul foi certamente o melhor legado destas duas décadas e meia do Coletiva.net. Ao trabalhar nesta direção com responsabilidade e seriedade, o portal se firmou como veículo respeitado e admirado no meio. Contribuiu para que nossas empresas de comunicação se organizassem para falar com o mercado - as mesmas que, no início deste século, tinham no máximo um profissional de RP a cuidar da imagem. Ensinou jornalistas de redação, habituados a perguntar, a serem fontes de informação também. Mostrou a profissionais, desde quando eram projetos de estagiários, a tratar a notícia com respeito e responsabilidade, tal o alcance e impacto que cada frase publicada no portal é capaz de cutucar no ente denominado simplesmente de Mercado.

Graças à evidência de ter adquirido o status de respeito como fonte de informação, registrei em certo momento que o próprio mercado passou a considerar dois períodos, A.C. e D.C. Antes de Coletiva, boatos vicejavam; depois de Coletiva, fatos se fortaleceram. Contou muitas histórias que valeram prêmios, reconhecimentos, destaques: ARI de Jornalismo (prêmio Contribuição à Comunicação Social Antonio Gonzalez), TOP de Marketing ADVB (categoria Novos Empreendimentos), Especial da ARP, Prêmio Colunistas RS 2004, como Veículo do Ano, só para alinhar alguns.

O portal tinha cinco anos de atividades quando, respaldados em seu desempenho e prestígio, os sócios decidiram criar a primeira agência brasileira de pautas voltada exclusivamente ao Terceiro Setor e à Responsabilidade Social. Era abril de 2004, quando criou asas, a Pauta Social, que disponibilizava diariamente informações atualizadas sobre o segmento, com um alerta vespertino encaminhado para um mailing inicial de dois mil jornalistas brasileiros. "A agência surge com o objetivo de ampliar espaço para a reflexão e debate, propiciar a troca de experiências e projetos ligados ao setor de Responsabilidade Social e Terceiro Setor, além de gerar notícias para veículos de comunicação", contei na época. Idealizamos até um conselho consultivo, com a missão de orientar, avaliar e sugerir temas e projetos.

Em 2004 a novidade na rede social era o surgimento do Orkut, e logo Coletiva.net e também a Pauta Social bateram ponto ali. As duas comunidades eram gerenciadas pela própria redação, sob a coordenação da colega Luzia Lindenbaum. A Pauta operava como uma agência de notícias e, em agosto de 2005, comemorou a marca de cinco mil sugestões publicadas. Promoveu encontros, realizou inéditas coberturas online, em um pioneirismo que, no entanto, custou caro. Não recebeu a merecida atenção e tivemos de interromper a iniciativa no ano seguinte, quando tinha cerca de 3 mil assinantes. Pode-se concluir que o mercado não estava maduro para este tema muito atual hoje, em que os princípios de ESG são tão incensados.

O endereço www.pautasocial.com.br foi descontinuado, mas agora, para minha surpresa, uma busca identificou a existência de uma "Agência Pauta Social", com sede em São Paulo. Foi fundada em 2015 e se apresenta como "a primeira agência de Comunicação focada 100% no Terceiro Setor". Sabemos que isso não é bem verdade, mas é melhor deixar pra lá, não é mesmo?

Semana que vem tem mais. Será a vez de contar a história da ColetivaEAC - Centro de Estudos Avançados em Comunicação, Marketing e Opinião Pública, também criado a partir das vivências e prestígio de Coletiva.net. Nasceu em 2005, com a atribuição de oferecer cursos de especialização nas áreas de comunicação e marketing.

Autor
José Antonio Vieira da Cunha atuou e dirigiu os principais veículos de Comunicação do Estado, da extinta Folha da Manhã à Coletiva Comunicação e à agência Moove. Entre eles estão a RBS TV, o Coojornal e sua Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre, da qual foi um dos fundadores e seu primeiro presidente, o Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, a Revista Amanhã e o Correio do Povo, onde foi editor e secretário de Redação. Ainda tem duas passagens importantes na área pública: foi secretário de Comunicação do governo do Estado (1987 a 1989) e presidente da TVE (1995 a 1999). Casado há 50 anos com Eliete Vieira da Cunha, é pai de Rodrigo e Bruno e tem quatro netos. E-mail para contato: [email protected]

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