A história como ela foi (II)

Por Vieira da Cunha

Coletiva.net completou 25 anos de uma incrível trajetória. De uma simples folha de fax é hoje portal, canal de YouTube, emissora de rádio, revista.

Testemunha e personagem desta história, tento contar como tudo começou.

Contei que a empresa foi idealizada em novembro de 1998 e criada em janeiro de 1999. Que três meses depois foi concebido o produto denominado Guia da Imprensa e da Propaganda, uma espécie de informativo que divulgava a empresa Coletiva ao lado de novidades sobre o mercado. Que tinha o formato em folhas de fax, uma novidade tecnológica surgida no final do século 20 que logo feneceu. Que o informativo, que denominamos de Guia da Imprensa e da Propaganda, cresceu tanto que a solução foi abandonar o formato em fax e migrar para a web. Que na época, novembro de 2000, tinha no correio eletrônico uma grande novidade. Que na migração adotamos o nome Coletiva.net. E que a dificuldade econômica estava sempre presente.

A decisão de migrar para a internet levou em conta que outras formas de manter o informativo Guia da Imprensa e da Propaganda seriam tornar-se um jornal ou uma revista de periodicidade mensal, mas os custos de logística e operacionais exigidos por estes veículos foram considerados relevantes e logo afastaram a ideia. Já a web prometia ser mais em conta; afinal, os computadores para uma redação já figuravam na empresa, e o acesso à internet estava à disposição, apesar de uma certa precariedade em relação à velocidade naquela época. E assim foi. A nova vida, agora longe do analógico e ambientada no digital, começou com uma atualização semanal, como era nos tempos do fax. Semanal em plena internet, vejam só que anacronia perfeitamente assimilável no final do século passado. A demanda gestada pelo próprio mercado atrás de informações exclusivas nos estimulou a realizar atualizações diárias, a partir das 14h. Até que, em menos de seis meses, a informação passou a ser disponibilizada a qualquer momento do dia. 

Coletiva.net se consolidou como fonte de informação com credibilidade graças à seriedade e responsabilidade com que tocávamos a linha editorial, distante das mazelas e boatarias do mercado, muito próxima dos fatos e de sua correta interpretação. A transmissão de notícias em tempo real era uma boa novidade naqueles primeiros anos deste século, e o diferencial apresentado por Coletiva.net era outra grande e ousada novidade: trazia, como traz, informações exclusivas e privilegiadas sobre o mercado da comunicação, as movimentações dos profissionais, os planos e projetos de veículos da grande imprensa e das agências de propaganda. 

Registro que era uma boa e ousada novidade porque não havia outros veículos dedicados a esta temática. Era uma época em que jornais, rádios, tevês, agências e assessorias de imprensa não tinham canais próprios para divulgar suas ações. As empresas de comunicação, em especial, tiveram de começar a enfrentar uma nova realidade - surgira um veículo de comunicação que diariamente disponibilizava informações sobre as movimentações do mercado e de seus profissionais. 

Insistir em calcar sua essência no jornalismo, tratando a informação sem qualquer sensacionalismo, com idoneidade, agilidade e precisão, contribuiu para formar a imagem de credibilidade do veículo. Quando revelava com exclusividade algum fato sobre bastidores de empresas jornalísticas ou de agências de publicidade, já ninguém delas duvidava, muito antes pelo contrário. Lembro que certa vez, quando José Luiz Fuscaldo e eu visitamos o empresário Jorge Gerdau em seu gabinete, ali na Avenida Farrapos, ele ouviu com a maior atenção nossa explicação sobre os objetivos do informativo que garimpava notícias exclusivas sobre os projetos das empresas de comunicação, com revelações de bastidores e averiguações sobre seus resultados operacionais e financeiros. Em certo momento ele nos aparteou e exclamou, com visível alegria: "Ah, quer dizer então que vocês fazem com eles o que eles fazem com a gente? Muito bom, gostei disto!".

(Continua)

Autor
José Antonio Vieira da Cunha atuou e dirigiu os principais veículos de Comunicação do Estado, da extinta Folha da Manhã à Coletiva Comunicação e à agência Moove. Entre eles estão a RBS TV, o Coojornal e sua Cooperativa dos Jornalistas de Porto Alegre, da qual foi um dos fundadores e seu primeiro presidente, o Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, a Revista Amanhã e o Correio do Povo, onde foi editor e secretário de Redação. Ainda tem duas passagens importantes na área pública: foi secretário de Comunicação do governo do Estado (1987 a 1989) e presidente da TVE (1995 a 1999). Casado há 50 anos com Eliete Vieira da Cunha, é pai de Rodrigo e Bruno e tem quatro netos. E-mail para contato: [email protected]

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