A cidade enfeitada com o colorido da democracia

Por Márcia Martins

Podem me chamar de doida varrida. Apontar o dedo e dizer que não tenho juízo. E não é preciso internar, indicar tratamento psicológico e nem receitar medicamentos severos. Não se trata de uma doença rara, talvez crônica. Mas apenas uma pessoa que adora ver a cidade enfeitada com o colorido da democracia. Por isso, a cada nova proximidade de eleição, meus olhos castanhos escuros brilham sempre que caminho pelas ruas da cidade completamente tapada de perfurites, bandeiras, adesivos e todo o tipo de material de propaganda política.

Quando passeio pelas esquinas mais movimentadas de Porto Alegre, faça chuva ou sol, e vejo o debate saudável de bandeiras de partidos diferentes atestando que a democracia sobrevive, sinto-me tão encantada. Quando vou de um lado a outro da Avenida José Bonifácio, nos sábados, onde ocorre a tradicional Feira de Agricultores Ecológicos, e nos domingos, abrigo do Brick da Redenção, e me deparo com os militantes disputando, de forma sadia, o voto a voto, sinto-me renovada. E ao participar das mobilizações, como militante de um partido de esquerda, experimento doses necessárias de democracia.

Essa movimentação que a cidade recebe quando se inicia o período pré-eleitoral é o cenário mais contundente de que, apesar de todas as iniciativas já tentadas, e não foram poucas, de calar a voz da democracia, ela resiste, soberana, altiva. Talvez um pouco arranhada e temerosa de novas investidas. Até porque sabe que, para alguns, o silêncio do povo é mais confortável. E porque, ao longo de tantas experiências, aprendeu que, para alguns, a ignorância do povo é mais apropriada. Então, toda vez que ela se mostra, assim, exibida e poderosa nas ruas da cidade antes das eleições, me conforta.

Por isso, até o dia 6 de outubro, data da realização das eleições em primeiro turno neste Porto nada alegre depois do caos das enchentes de final de abril e início de maio, fico motivada a buscar material de campanha, olhar a propaganda política gratuita (sim, sou a louca que assiste), e estar em toda atividade de campanha que meu tempo livre permitir.

Serei a caminhante a deslumbrar as cores múltiplas da democracia. Serei a cidadã consciente de seu papel na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. E isso só é possível com o voto consciente.

Autor
Márcia Fernanda Peçanha Martins é jornalista, formada pela Escola de Comunicação, Artes e Design (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), militante de movimentos sociais e feminista. Trabalhou no Jornal do Comércio, onde iniciou sua carreira profissional, e teve passagens por Zero Hora, Correio do Povo, na reportagem das editorias de Economia e Geral, e em assessorias de Comunicação Social empresariais e governamentais. Escritora, com poesias publicadas em diversas antologias, ex-diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (Sindjors) e presidenta do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Porto Alegre (COMDIM/POA) na gestão 2019/2021. E-mail para contato: [email protected]

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