Modernidades e perguntas que não querem calar

Por Flávio Dutra

Da série de perguntas que não querem calar: o que é feito do Second Live, jogo criado em 2003 que chegou a bater 1 milhão de visitas por mês? Definida na época como uma "revolução online", mas com problemas de monetização e segurança para os usuários, entre outros, praticamente sumiu. Pergunta que não quer calar 2: o Metaverso, uma espécie de sucedâneo do Second Life, estaria condenado a repetir esse fracasso? A expectativa é que a plataforma seja uma versão bem melhor, afinal a tecnologia avançou, só que já não se ouve mais falar sobre o Metaverso como a solução capitalista capaz de gerar emprego, renda e novos mercados. 

Não sou um especialista em inovação tecnológica, porém, um observador atento do que se publica na mídia e se posta nas redes sociais sobre o assunto.  Agora, por exemplo, observo uma insistente campanha de descrédito sobre o futuro do carro elétrico, sobretudo em nosso país com sua carente infraestrutura.  Os problemas apontados vão do tempo necessário para a recarga do veículo e a consequente autonomia, passando pelo uso da bateria de lítio que dependeria de fontes poluentes para ser recarregada, mais o custo elevado de aquisição e manutenção. Ou seja, atualmente, o carro elétrico é despesa e não investimento. 

Fico pensando, entretanto, se as críticas contundentes ao carro elétrico, uma realidade cada vez mais presente na Europa, não escondem interesses outros, como o das petroleiras ameaçadas de perder mercado. Mas é só uma suspeita.  Fica a pergunta que não quer calar 3: o carro elétrico vai pegar e  ser uma solução de mobilidade?  

São apenas três exemplos de modernidades que não deram certo ou são contestadas. Olha que nem enveredei para o maravilhoso mundo novo prometido pela Inteligência Artificial, a desafiar os futurólogos e preocupar os pobres mortais, que fazem também a pergunta que não quer calar: como tudo isso vai impactar nas suas vidas?

Autor
Flávio Dutra, porto-alegrense desde 1950, é formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), com especialização em Jornalismo Empresarial e Comunicação Digital. Em mais de 40 anos de carreira, atuou nos principais jornais e veículos eletrônicos do Rio Grande do Sul e em campanhas políticas. Coordenou coberturas jornalísticas nacionais e internacionais, especialmente na área esportiva, da qual participou por mais de 25 anos. Presidiu a Fundação Cultural Piratini (TVE e FM Cultura), foi secretário de Comunicação do Governo do Estado e da Prefeitura de Porto Alegre, superintendente de Comunicação e Cultura da Assembleia Legislativa do RS e assessor no Senado. Autor dos livros 'Crônicas da Mesa ao Lado', 'A Maldição de Eros e outras histórias', 'Quando eu Fiz 69' e 'Agora Já Posso Revelar', integrou a coletânea 'DezMiolados' e 'Todos Por Um' e foi coautor com Indaiá Dillenburg de 'Dueto - a dois é sempre melhor', de 'Confraria 1523 - uma história de parceria e bom humor' e de 'G.E.Tupi - sonhos de guri e outras histórias de Petrópolis'. E-mail para contato: [email protected]

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