Comunicação empresarial pós-tragédia. Sem plano de voo não decola

Por Gil Kurtz, para o Coletiva.net

Aqui no Rio Grande do Sul vivenciamos momentos complexos nos últimos meses,  fruto de uma tragédia ambiental que afetou pessoas físicas e jurídicas. Infelizmente causou irreparáveis danos emocionais e patrimoniais. 

O foco desse artigo é propor uma reflexão sobre a indispensabilidade das empresas, de todos os portes  possuírem um plano de comunicação específico para sua marca em momentos não previstos pelo planejamento estratégico e tático realizado no ano anterior. A ideia não é pregar para convertido, em que pese é notório que muitas empresas fazem planejamento, mas, não praticam o fazejamento. Não é um trocadilho publicitário, é a realidade.

Antes de abordar o tema : comunicação pós-tragédia para contextualizar o impacto dos desastres ambientais no Brasil, em 2023 tem o seguinte balanço: Total  de 1.161 episódios com 132 mortos, 9.263 feridos e 74.747 desabrigados.  No capítulo econômico, o strike foi, igualmente, grande: R$ 5 bilhões em obras e R$ 25 bilhões de prejuízos na economia. Os dados são do Ministério da Tecnologia/Cemaden. Já aqui no Rio Grande do Sul em 2024 a tragédia deixou, igualmente, números chocantes: mais de 170 mortos, 478 municípios atingidos e mais de R$ 10 bilhões em prejuízos (fonte Confederação Nacional de Municípios CEM)

Alguém pode estar pensando: "com todo essa inundação, não tenho condições de pensar em planejamento de comunicação pós-tragédia para minha marca. Deixa passar. Depois vamos ver isso?". Compreensível, mas, não justificável. Cabe lembrar a frase aplicável nesse caso: quando a prova é fácil todo mundo tira dez.  Quando a prova é difícil você conhece o aluno preparado. Sou aluno dessa escola. 

Para início de conversa, não é possível negar que os componentes emocionais vem à tona. O recomendável é expressar. No linguajar popular é o bota para fora. O que não devemos fazer é perpetuar. 

Em planejamento pós-tragédia vale lembrar: na face racional é vital o líder e seu time iniciarem com uma usual etapa do planejamento de comunicação/criação, o brainstorming.

Se aqui estivéssemos nessa etapa, com certeza estaríamos iniciando com o pé direito.  Dessa etapa até a finalização teríamos um plano de voo que permitiria decolar da tragédia e aterrizar em um aeroporto seguro chamado competição em condições normais de temperatura, clima e pressão. 

Ainda na analogia, proposta pelo título desse texto, nesse brain estamos falando do público interno. A nossa tripulação. No público externo englobaremos fornecedores estratégicos que contribuirão para que o mercado e eternos passageiros/clientes voltem a comprar o nosso bilhete de embarque e aterrizarem nos seus destinos sonhados para os quais os seus produtos e serviços serão sua eterna aeronave. 

Ainda sobre o plano, sublinho que nenhum integrante, seja da tripulação, fornecedor ou cliente, embarcará na aeronave sem acreditar que a marca fez um plano de voo pós-tragédia. 

Não esqueça que nesse contexto é importante ter uma equipe da torre contribuindo com sua especialização estratégica e tática para o novo decolar. Leia torre como empresas com alto know-how em situações pós-tragédia(consultorias, assessorias de imprensa). Ops alguém tá me dizendo: "corta? corta. O texto tá longo". Tá certo, mas, antes, fica a dica: 

Se neste momento as vendas não vão bem, o melhor que você tem a fazer é cuidar bem dos seus clientes atuais e preparar o terreno para novas oportunidades no futuro. O que sua marca nunca deve fazer em uma crise é desaparecer. 

Gil Kurtz é diretor da KG Consultoria, especialista em gestão de imagem, conflitos e crises. Conselheiro da ADVB/RS E AJE POA. Vice-presidente de Marketing e Comunicação do Fórum Latino-americano de Defesa do Consumidor. 

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