A união que salva jornalistas e o jornalismo

Por Laura Eliane Lagranha Santos Rocha, para coletiva.net

Há algum tempo, na execução de nossa atividade principal, o jornalismo, e na organização das diferentes lutas da vida sindical, vivenciamos situações complexas, e muitas vezes difíceis, pois são muitas demandas que precisamos acomodar sob uma frágil estrutura. A retirada da obrigatoriedade do diploma, a nefasta reforma trabalhista no governo pós-golpe da Presidenta Dilma, aprofundada por ações do governante seguinte, de extrema direita, tiveram como objetivo enfraquecer e diminuir a força econômica das entidades de classe. Mesmo assim, continuamos tentando defender as e os trabalhadoras(es) jornalistas e experienciamos, enquanto instituição, uma série de dificuldades para poder continuar lutando pelos direitos comuns para toda a nossa categoria, na busca constante para existir, resistir e fortalecer.

É comum que as e os jornalistas entrem em contato com o Sindicato de Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS) para saber sobre os índices de aumento obtidos nas negociações, resultados de ações judiciais e sobre convênios existentes no Sindicato. Acreditamos que estas consultas e solicitações de informações sobre direitos são absolutamente legítimas e bem-vindas. Mas, até hoje, recebemos poucos contatos de profissionais oferecendo apoio para fortalecer a luta de todas e de todos. Essa construção conjunta permitiria apoio a um número maior de sindicalizados, assim como respostas diferenciadas. Como dirigente sindical, militante há mais de 35 anos, desenvolvi a certeza de que apenas com união e de forma coletiva e organizada é que vamos conseguir quebrar o ciclo de exploração que as classes trabalhadoras vivenciam no âmbito mundial. Os desafios, aqui no Rio Grande do Sul, não são poucos, e se agravaram terrivelmente após a tragédia que se abateu sobre nosso estado. Sou realista e penso que tudo que temos vivenciado desde maio último somente retirou a venda dos nossos olhos e demonstrou como vivemos em um estado totalmente fragilizado em termos de infraestrutura, prevenção, emprego e visão de futuro.

A realidade concreta do sindicalismo brasileiro de uma maneira geral e, com certeza, a que vivenciamos no SindJoRS, onde estamos, desde a gestão da competente jornalista diplomada Vera Daisy Barcellos, é de contar as moedas para poder fazer coisas básicas. Coisas como, por exemplo, produzir e imprimir materiais de expediente e de divulgação, investir em programas que tenham como objetivo contribuir com o desenvolvimento comum de jornalistas e investir em uma comunicação institucional de peso para dialogar com nossa categoria.

Importante ressaltar que decidimos, em 2022, organizar a casa. E o que isto significa? Significa que foi necessário, para poder continuar exercendo as atividades importantes do Sindicato, solucionar dívidas trabalhistas antigas, renegociar e honrar o pagamento de tributos junto à Receita Federal do Brasil e inúmeros fornecedores que tinham pequenas despesas executadas e os pagamentos não repassados. Ou seja, quando a Direção que tinha à frente Vera Daisy assumiu, e na sequência, o atual mandato, o imprescindível foi tomar uma decisão político-administrativa de zerar este passivo para que pudéssemos organizar minimamente as finanças e pendências na nossa instituição e seguir em frente. Atualmente, seguimos em uma batalha diária para fazer o necessário que é manter essa entidade, de quase 82 anos, pulsando em nossa sociedade gaúcha com a importância que deve ter.

Uma realidade que também estamos vivenciando de maneira constante e diária, são as famosas notícias falsas, as fake news, que prejudicam a vida das pessoas e podem, inclusive, trazer sérias consequências. Negacionismo, estado mínimo, fascismo, machismo, racismo e todos os tipos de fobias estão no mesmo patamar dessas pragas atuais que eliminam os mais frágeis, os suscetíveis, e que fazem as pessoas encararem como uma ilusão uma mentira que, de tantas vezes repetida, acaba parecendo uma verdade absoluta. A desinformação pode, literalmente, matar. Nesse contexto, mais do que nunca, ficou confirmada a importância das e dos jornalistas, profissionais fundamentais para checar as informações. São eles que podem transmitir, com credibilidade, a verdade. São colegas da imprensa preparados, que estudam muito e desenvolvem um trabalho com credibilidade, onde o principal fim é o bem informar e procurar garantir que a verdade seja dita. Mesmo que muitas organizações e outras tantas criaturas não gostem. Esse é o papel social do jornalismo: levar às pessoas conhecimento e informação de qualidade, para viabilizar a tomada de decisão individual, que diretamente vincula-se à melhor qualidade de vida da nossa sociedade.

As e os jornalistas são profissionais e seres humanos que precisaram ter a maturidade para atuar na linha de frente do Covid-19, contar fatos e histórias nesta trágica enchente de 2024, entre tantas outras importantes vivências dos últimos anos. Estiveram o tempo todo orientando a sociedade sobre como proceder para garantir a vida das pessoas. Profissionais da Comunicação acordam cedo, deitam tarde, ganham pouco, precisam ter mais de um emprego para poder garantir a subsistência de suas famílias e, mesmo que muitos tenham perdido tudo na última tragédia climática, seguiram atuando na importante missão de bem informar a sociedade. Perda de materiais de trabalho, de residências, de bens materiais, de biografias de vida, de sonhos construídos, de trajetórias. Perdeu-se, inclusive, a ilusão de um futuro mais calmo e tranquilo. Tudo foi, literalmente, inundado. Jornalistas, assim como médicos, advogados, profissionais da saúde, da educação e da limpeza urbana, entre outras trabalhadoras e outros trabalhadores, não deixaram de lado as suas obrigações. Pelo contrário: meteram, literalmente, o pé no barro, no lodo e na água repleta de contaminantes e foram à luta para exercer sua profissão. Meu desejo e esperança é que, nesse momento pós-tragédia e de reconstrução, seja possível o reconhecimento da importância da nossa classe pela sociedade.

No SindjoRS, as pautas continuam e entre tantas que surgem ou seguem cotidianamente, destacamos: a PEC do diploma, a valorização profissional através de uma organização mínima, o aperfeiçoamento com as novas tecnologias, a inteligência artificial e os desafios constantes em um mundo que não para nem por um segundo. Precisamos continuar respirando e lutando. 

Mas, com apoio, fica bem mais fácil, humano e razoável. É por esses, e muitos outros motivos, que criamos a campanha JORNALISTA SALVA JORNALISTA: ESTÁ EM SUAS MÃOS! É com a sua ajuda que estamos dando um pouco mais de dignidade a 16 colegas, neste momento. Jornalistas que nos procuraram para ter condições mínimas de reconstruir suas vidas. Lembrem: para quem perdeu tudo, um pouco de cada um é, muitas vezes, a salvação. Por isso, conclamamos nossa categoria a participar colaborando financeiramente com o que for possível para podermos reerguer nossas e nossos colegas e dar o mínimo de apoio nesse recomeço. 

É a máxima de sempre: procure tratar a outra pessoa exatamente como tu queres ser tratado. Essa é uma regra que sempre tem bons resultados para todas e todos. 

Mais do que salvar vidas e espaços, precisamos, agora, de união para auxiliar na reconstrução das histórias e das memórias da nossa categoria de jornalistas! Então, junte-se aos 113 outras e outros jornalistas que estão apoiando nossa categoria.

 

Para contribuir dentro do Brasil:

PIX: [email protected]

Caixa Econômica Federal

Agência: 0428

Conta: 150176-5 - Operação: 003

Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul (SindJoRS)

CNPJ: 92.955.202/0001-05

Para doações de quem está fora do Brasil:

Código IBAN (International Bank Account Number) para verificar a conta corrente do SindJoRS que será realizado o depósito de conta do exterior: BR2600360305004280001501765C1

Código SWIFT (Society for Worldwide Interbank Financial Telecommunication) para identificar o banco para remessas do exterior: CEFXBRSP

É importante encaminhar o comprovante de depósito para [email protected] ou para o WhatsApp (51) 3228-8146 para podermos, posteriormente, realizar a prestação de contas.

Laura Eliane Lagranha Santos Rocha, Mtb 10.611, é jornalista profissional diplomada, formada em 2002 pela PUC/RS, militante sindical há mais de 35 anos, atual PRESIDENTA do SindJoRS

 

 

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