A dinâmica dos orçamentos e o valor da responsabilidade no mercado de eventos

Por Christian Jung, para o Coletiva.net

Na pesquisa de preços, orienta-se que se obtenha ao menos três orçamentos de fornecedores distintos. Esse é o entendimento para que o serviço desejado seja executado com um preço justo e se encaixe na verba prevista para o projeto.

No meu cotidiano, agências de todos os lados solicitam orçamentos para execução de eventos como Mestre de Cerimônias. Com o envio da data, local e tipo de atividade, verifico prontamente a agenda e precifico de acordo com o que me é solicitado: um evento de algumas horas, o dia inteiro, mais de um dia, enfim, faço com que minha performance seja valorizada e o cliente se sinta seguro de que pagará o valor correto e digno para o sucesso do evento.

Há casos em que se percebe que o pedido é apenas pró-forma porque a concorrência é um jogo de cartas marcadas e tu te tornas uma espécie de "fornecedor de orçamento". Mas não é essa a questão central deste artigo. Trato aqui da responsabilidade que deve haver na relação entre agência e prestador de serviço. Uma via de mão dupla.

Quando te comprometes com uma data no calendário, muitas vezes movimentas montanhas para que isso aconteça, ou, quando não muito, deixa-se de aceitar outro projeto em razão daquele que chegou primeiro. O que ouvi dos fornecedores que trabalham tanto na minha área como em outros segmentos, é que, geralmente, essa via é só de ida.

Enviado o orçamento, a agência sente-se satisfeita por ter cumprido com a exigência de apresentar três valores para que o cliente opte pelo que considerar mais apropriado - comumente o mais baixo. E o retorno que recebemos é: "Peço que reserves a data para nós. O evento está em aprovação e assim que tiver a resposta final, dou-te a confirmação."

Com a agenda bloqueada, os dias vão-se e nada mais é dito. Às vésperas da data prevista, faz-se contato com a agência para saber se o cliente respondeu, se decidiu-se por contratar teu talento ou de algum outro profissional. Ocorreram casos em que me pediram desculpas um dia antes do evento. Em outros, sequer deram-se ao trabalho de responder ao e-mail ou ao WhatsApp. Uma total falta de profissionalismo.

O constrangimento não é ser preterido por colegas da área. O fato é que ser profissional está relacionado não somente ao trabalho que realizamos, mas também à seriedade e à responsabilidade que devem permear as relações. Imagina a situação inversa: no dia do evento, o Mestre de Cerimônias contratado não aparece.

Há um compromisso das duas partes. Ao pedir para reservar a data, a agência deve manter o profissional informado sobre o andamento do processo, e vice-versa.

Esses casos ocorrem com frequência nas mais diversas áreas e a maioria dos profissionais não reclama porque teme ter seu nome riscado do caderninho de contatos.

Sei bem que isso não é de hoje, mas para um mercado que se beneficia de acesso cada vez mais a eventos tecnológicos e digitalizados, não custa nada voltar ao velho manual de bons costumes. E, parafraseando Saint-Exupéry, aprender que tu és responsável por quem contata. Não esqueça que um dia somos fornecedores e noutro, prestadores de serviços.

Christian Jung é publicitário, locutor e mestre de cerimônias ([email protected])

 

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