Calma, calma! Está tudo sobre controle! Hehe

Pois é, estava ontem a pensar sobre o quanto isso pode ser relativo em nossas vidas e na fotografia. Acostumados com essa bela possibilidade, um tanto destemível e egoísta, do nosso olhar, me inquietei inspirado em um poema de Manoel de Barros.

A perceber que selecionei fotografias que talvez nem sejam assim ditas como "as melhores fotografias que já fiz", porém, contudo, elas impactam meu sentir pelo teor de sua simplicidade. Engraçado pensar que fotografei o som do rádio da moça que corre, inaudível a meus ouvidos por óbvio, mas amplificados em seu esporte matinal.

Registei, por acaso, a inquietação, quando jovens protestavam de forma contundente os aumentos do valor da passagem na maior avenida da capital gaúcha. Eternizei também a solidariedade em uma ação social movida por pessoas que buscam o simples gesto de dar a alguém uma única refeição. Percebi que sim, podia insistir mais e até eternizar o esforço de uma atleta em solidão ao remar junto aos seus sonhos por grandes resultados.

É possível instigar por uma simples imagem? Pois é, não necessariamente falo do que senti no grito do cantor, nem do minimalismo do pedalar de um transeunte barbudo ou o desbravar do mamífero que inspirou um grande herói dos quadrinhos. É o sentir que corre no olhar! Falo de maneira muda, sobre um ecoar das memórias. Elas sim tornam eterno aquilo que é intangível ao ser. É o que nos apaixona por esta arte tão palpável e admirável que temos hoje na palma das mãos. Infinitos silêncios, calados e, não apenas por isso, menos encantadores.

O dia mundial da fotografia é celebrado hoje por quem percebe todas essas pequenas circunstâncias que nos levam a apertar um botão e eternizar tudo aquilo que nos dá sentido para o existir. É um contemplar de um inédito mas, muitas vezes tido como, ironicamente, um instante decisivo.

Emmanuel Denaui é Jornalista com Gestão em Comunicação. Profissional de imagem com quase 15 anos de experiência nos mais diversos nichos do mercado.